O Livro da Lei é interpretado como um manual de "feitiços", um grimório como escreveu Kenneth Grant, cuja função pode ser dupla: primeiro, ajudar o leitor a realizar sua Vontade pela prática de técnicas ali descritas; segundo, abrir o caminho para que seja estabelecida a força espiritual do AL na Terra.
Não se sabe exatamente qual a verdadeira fonte do "grimório", alguns acreditam ter sido ditado por um ser sobrenatural (anjo, demônio, deus), outros por uma inteligência inter-planetária, outros por um morto (ankh f n khonsu), outros pelo subconsciente do Profeta, outros como uma farsa do próprio Profeta. Não parece haver importância prática nesse debate, a corrente 93 parece responder a qualquer interpretação que o magista detenha sobre a fonte do AL.
Quando o Profeta (Aleister Crowley) fundou a Astrum Argentum ele decidiu que era mais adequado continuar com o esquema de classificação da "jornada" do magista usado pela Golden Dawn: os onze graus categorizados pela Árvore da Vida, com a exceção de que na G.'.D as supernas não poderiam ser exercidas como graus por um Adepto vivo, somente em condição administrativa. Dessa forma podemos determinar que a fonte do AL derive das supernas e, muito provavelmente, do grau de Kether: o Ipsissimus que se identifica como Aiwass.
Aiwass portanto é como a consciência de um mago, ele é a fonte do AL o que significa que podemos afirmar, com certa segurança, que o grimório deriva de um "morto" no sentido de que Aiwass já está desencarnado e que, em suas instruções, ele assuma máscaras através de uma prática bem conhecida pelos thelemitas: a assunção de forma-deus. Quando Hórus fala no 3 Capítulo não é exatamente o Hórus da época de Ramsés mas sim Aiwass assumindo a máscara de Hórus (esta é a opinião que sustentarei nessa discussão).
Apesar de o AL ser dividido em 3 Capítulos, um contendo o discurso e o método de adoração de cada Deidade, ele parece culminar na sugestão de um henoteísmo a Hórus, mais especificamente a Ra Hoor Khuit, uma fusão entre Rá e Hórus.
O meu objetivo com este tópico é propor aos irmãos um estudo sobre as formas de devoção a Hórus como RHK (Ra Hoor Khuit), tendo como auxiliar o Liber Astarte.
A primeira coisa que devemos considerar são as formas-deus que o magista pode se unir sem perder a conexão com a personalidade proposta no 3 capítulo do AL. Não há necessidade de complicarmos muito as coisas pois Crowley já pré-determinou uma base em sua Invocação a Hórus. Na Invocação ele escreveu:
“Pelo Teu Nome, Apolo ó poeta ó pai!
Pelo Teu Nome, Odin ó guerreiro do norte, ó renome das Sagas!”
Crowley também menciona YHShVH , o pentagramaton como uma fórmula apropriada a Hórus, talvez o Jesus do Apocalipse ou simplesmente o pentagrama de Geburah seja o apropriado aqui.
Lembre-se de que na nossa interpretação Hórus foi uma forma-deus assumida por Aiwass, não sendo diretamente o próprio Deus egípcio quem discursa, por isso embora Hórus não seja Odin ou Apolo é possível desenvolver uma devoção a essas formas-deus de qualquer maneira.
Por hoje essa é a proposta do tópico, conforme o tempo for passando vou atualizando a proposta. Quem quiser contribuir com experiências e opiniões por favor sinta-se à vontade, meu propósito não é debater ninguém apenas aprender e compartilhar experiências.
Até breve.