Eu comecei a estudar thelema a pouco tempo, estava folhando a introdução do liber ABA e me surgiu essa dúvida sobre como a crença e a experiência fazem parte da magia.
Me parece que na magia a crença e a experiência sejam processos que se retroalimentem. Quem veio primeiro? Muito provavelmente a crença, podendo inclusive ter sido amparada na experiência de terceiros. Aliás, não existe nada melhor para transformar o curioso em crédulo do que a visão do resultado, mesmo que não seja o seu. Porque vamos combinar que o mágico é fascinante, em toda a extensão do termo e, muito principalmente em começo de carreira, ele toma emprestado da ignorância uma certa capacidade de acionar gatilhos inconscientes, os quais são fundamentais para que algumas coisas aconteçam.
Não existe magia sem crença, ainda que os pequenos sucessos dentro do processo mágico sejam subjetivos, ou melhor dizendo, a relação de causalidade entre uma coisa e outra possa sempre ser questionada e atribuída ao acaso (ou à estatística). Isso é paradoxal, já que faz da magia não apenas uma arte para a qual a crença se faça indispensável, como faz dela algo que não se pode provar senão pela via do resultado. Assim sendo, um magista razoável e medianamente eficiente pode, em círculos mais céticos, facilmente ser tomado por um colecionador de acasos imerso em autoilusão ou, nos ambientes mais científicos, até por alguém com Transtorno de Personalidade Esquizotípica, ou mesmo em surto maníaco (não que muita vezes não seja o caso!).