Puxa, galera, muito legal ver que vocês garimpam coisas aqui pelo fórum e, não se contentando com o que está na superfície, se dispõem a ressuscitar tópicos de vários anos atrás, legal mesmo...
Enfim, da parte que me cabe nessa discussão, creio que seja interessante acrescentar a essa altura do campeonato que esse tipo de coisa foi devidamente resolvida na minha cabeça.
Não, essas coisas não pararam de acontecer, muito pelo contrário, tudo só se tornou mais e mais frequente. O que mudou foi meu jeito de ver tudo isso. Hoje posso compreender que a realidade não é uma, mas várias, e que eu moldo a minha própria realidade em conformidade com as minhas crenças, ou seja, quanto mais eu acredito, tanto mais eu observo, e esse é um processo crescente durante a vida da gente e eis que ele continua se retroalimentando até que a gente morra ou que algo se rompa, o que ocorrer primeiro. Comigo algo se rompeu, felizmente, me dando a oportunidade de brincar disso sem ser prisioneiro dessa loucura toda.
Com isso quero dizer que hoje consigo ver existir no homem uma curiosa condição que propicia um fenômeno no qual tudo o que o “acreditador acredita, o observador observa”, isto é, a realidade tendendo a se mostrar para ele (ou ele a vê-la, dirão alguns, e não faz diferença) segundo ele a concebe e em conformidade com as suas crenças e expectativas.
O que mais libertador e, ao mesmo tempo, aprisionador? Nessa faca de dois gumes, o homem é livre para crer em qualquer coisa e, independentemente do que for, será reforçado, talvez pela sua própria atenção seletiva e sua capacidade de simbolizar, a acreditar naquilo; mas por outro lado, será também prisioneiro daquilo que tem como mais firme certeza, estando a chave da sua libertação em um lugar que normalmente ele nunca procuraria, a saber, no exato sentido oposto de suas próprias crenças. É como o pequeno poema que nos diz que:
”As abelhas operárias podem partir,
Até os zangões podem ir-se embora;
A Rainha é uma escrava”
Que espécie de liberdade há em permitir que se restrinja o pensamento a uma única via de possibilidade? “Restrição” não deveria significar para a filosofia o mesmo que o “pecado” significa para a religião? Verdades podem ser constructos perigosos, tomemos cuidado, portanto.
Mas enfim, não importa. O importante agora é apenas agradecer pela oportunidade que vocês me dão de reler sobre minhas opiniões do passado e, ainda mais interessante do que isso, pela circunstância de poder corrigir a mim mesmo no presente.
Muito grato, senhores! É sempre uma satisfação!