Descupe a demora, é tanta correria que acabei me esquecendo do fórum.
Entendo o que quis dizer meu caro. Ri muito com a menção à Lady Gaga.
Descupe a demora, é tanta correria que acabei me esquecendo do fórum.
Entendo o que quis dizer meu caro. Ri muito com a menção à Lady Gaga.
Escavando o fórum, encontrei essa thread aqui muito bacana e resolvi acrescentar uma pergunta aos amigos.
Antes de mais nada, sou completamente iniciante em termos de “magia ocidental”, nunca pratiquei nenhuma cerimônia complexa (pra ser sincero, estou ainda na base da teoria e muita leitura!).
Pelo que venho lendo e estudando, sigo o entendimento da maioria da galera aqui do fórum: os seres/espíritos da Goetia não são “pets”, pelo contrário! São espíritos que, se manipulados, devem ter tremenda cautela. Não sei ainda classificar a origem deles… espíritos antigos? Seres que já habitavam a existência concomitantemente ao “fiat lux”? Não sei!
Me deparei com esse texto do Crowley sobre “serem uma sombra proveniente de nós mesmos, de nosso cerébro, de alguma parte oculta da mente humana” e achei interessante, mas, de algum forma, não me convenci 100% (ja tiveram essa sensação, mesmo não tendo um entendimento tão amplo? sei lá, algo dentro de mim me dizia que não era bem por aí…).
Minha vivência na Umbanda (desde 2015) me leva a crer em algo a mais do que isso… classe de espíritos, sendas diferentes de seres que existem e continuarão existindo pelas eras…
Mas, deixando essa discussão momentaneamente de lado, levanto a seguinte pergunta: concordamos que os goéticos são “perigosos”, de maneira geral.
Mas e os anjos? As invocações (latu sensu) enochianas e até aquelas do Ars Arbatel (é esse o nome? me corrijam se estiver errado!)?
Trabalhar com os seres celestiais seria um caminho tranquilo?
Abraços!
Mas, deixando essa discussão momentaneamente de lado, levanto a seguinte pergunta: concordamos que os goéticos são “perigosos”, de maneira geral.
São sim, pra si mesmos.
Mas e os anjos? As invocações (latu sensu ) enochianas e até aquelas do Ars Arbatel (é esse o nome? me corrijam se estiver errado!)?
Trabalhar com os seres celestiais seria um caminho tranquilo?
Anjos, Espíritos Olímpicos e Entidades Enochianas são três coisas distintas. Colocar tudo num mesmo balaio é loucura, já que partem de mitologias diferentes e cada qual tem as suas especificidades. Pra quem sabe o que está fazendo, tudo é “tranquilo”. Pra quem não sabe, até usar uma panela de pressão pode ser um desafio. O mágico deve ser alicerçado pelo estudo, observação e prática, experimentando de maneira progressiva aquilo que for do seu interesse. Mas às vezes você tentar ser versado em muitas coisas só atrapalha, a gente acaba perdendo o foco daquilo o que é realmente importante.
Eu me perguntaria: Onde eu estou, onde quero chegar e o quão mais próximo da minha finalidade uma invocação Enochiana, por exemplo, pode me levar nessa altura do jogo. Aliás, é espantoso ver quantas pessoas trilham o Caminho do Mágico meio ao léu, sem muito saber pra onde estão indo ou o que estão — ou deveriam estar — se comprometendo a Buscar.
Boa noite.
Eu não reli minhas postagens no tópico mas sei que eu pensava de maneira diferente dois anos atrás então não estranhem uma nova interpretação do caso.
A frase mencionada consta no texto The Initiated Interpretation of Cerimonial Magic. Esse texto é uma introdução à edição publicada por Crowley do Ars Goetia, traduzido por Macgregor Mathers. A frase é a seguinte:
“The spirits of the Goetia are portions of the human brain”.
Os espíritos do Goetia - o Ars Goetia - são porções do cérebro humano.
Após essa afirmação ele explica:
"Their seals therefore represent methodos of stimulating or regulating those particular spots (through the eye).
The names of God are vibrations calculated to estabilsh:
General control of the brain.
Control over the brain in detail. (Rank or type of the Spirit).
Control of one special portion. (Name of the Spirit)".
"Os selos são métodos de estimular ou regular porções específicas do cérebro (usando a visão).
Os nomes de Deus são vibrações calculadas para estabelecer:
Controle geral do cérebro.
Controle de uma parte específica do cérebro. (Ranque ou tipo de Espírito).
Controle de uma porção especial do cérebro. (Nome do Espírito)."
Crowley parece ser bem categórico em interpretar que o fenômeno da evocação é produto de um tipo de operação mental sobre o cérebro e que um Espírito do Ars Goetia é o resultado, nesse sistema, da aplicação desse método. Isto não quer dizer que um espírito seja parte da Sombra (o arquétipo de Jung) embora para os adeptos da escola de Jung isso possa fazer certo sentido e também não seriam, necessariamente, emanações da mente humana. Explico: mente e cérebro são coisas distintas. Na Cabala a mente seria relacionada com a alma chamada de Ruach e o cérebro com a alma chamada de Nefesh. Um espírito da Goetia é um ente qliphotico e, dentro da concepção da Golden Dawn, os qliphoth habitam o plano de Assiah. Este é um dos quatro planos na Cabala, sendo os outros: Yetzirah - o Astral - Briah - Mental - e Atziluth - Arquetípico ou Divino. Assiah equivale ao plano material, portanto ao plano do cérebro.
Essa é uma explicação eloquente do Crowley para que o praticante avalie esses espíritos nas diversas religiões diferentes da história e como, até certo ponto, esses espíritos sempre foram similares mesmo em outras crenças. Na minha interpretação ele não se refere a espíritos no geral, como por exemplo os mortos na Umbanda ou no Espiritismo, mas sim ao espírito que surge no triângulo, quer dizer com isso que o goético não seria um espírito que exista fora do mago mas sim que derive dele mesmo. Esse é um tema interessante para debatermos em outro momento.
Pela sua vivência na Umbanda deve estar familiarizado com a Quimbanda. Se interpretarmos que um espírito da Goécia - um demônio - é um tipo de manifestação astral de uma força carnal, quer dizer, de um aspecto do cérebro, então pode ser que os mortos possam, no astral, organizarem-se de acordo com as vibrações de certos nomes demoníacos que personifiquem melhor seus atributos principais quando estavam vivos.
O perigo de um goético está mais para aquele magista que é competente a ponto de conseguir manifestar um fisicamente. O corpo físico é como uma armadura pro corpo astral, dificilmente alguém correrá perigo sério em invocações satânicas de goéticos ou orgias, coisas do tipo, ao menos não mais do que um alcoólatra com uma garrafa de tequila.
Os anjos enoquianos parecem ser de outra categoria pois são, tradicionalmente, espíritos que atuam no mundo e não no magista. Em termos clássicos um goético também seria um espírito que independe do mago, tendo uma “agenda” própria por assim dizer. Como o sistema enoquiano é muito eficaz quem o pratica costuma acreditar que tratam-se de anjos exteriores ao homem ou até mesmo aliens.
Não estou familiarizado com esse Grimório, nada além de saber que ele lida com espíritos denominados de Olímpicos, mencionados por Agrippa. Os Olímpicos são espíritos celestes e provavelmente derivam de algum método neoplatonico de evocação, mas não fazem parte da tradição derivada das Chaves de Salomão.
Tudo é tranquilo pra quem tem uma cabeça boa, mas também tudo tem o seu risco ó minerval.
Abraços.