Talvez tudo tenha começado quando a internet descobriu a publicação “A Interpretação Iniciada da Magia Cerimonial”. Nesse documento Crowley afirma, com a prepotência e certeza de sua juventude, que um espírito que se manifesta aos sentidos do magista em um triângulo, é, nada mais nada menos que “parte do cérebro humano”. No ano seguinte ele escreveria o Liber Al vel Legis, que ele depois julgou ter sido ditado por uma entidade que, ele acreditava, não tinha nenhuma relação de dependência com o seu cérebro. Poderíamos entrar na discussão aqui de que se Aiwass é um ser exterior ao homem por que não Paimon também? Mas não é esse o objetivo deste tópico.
O documento mencionado iniciou uma espécie de escola interpretativa no ocultismo, fortemente vinculada ao chamado “iluminismo científico” na magia. Por mais que um ser medonho aparecendo, falando, proferindo oráculos, respondendo perguntas, exalando cheiros, num triângulo, seja, certamente, um milagre, o efeito pareceu ser diminuído na mente dos interpretes, quer dizer, os estudantes começaram a interpretar que se o goético é uma parte do cérebro do magista então o goético é um ente subjetivo e não uma coisa com existência própria (ressaltamos que no ABA Crowley menciona a possibilidade de o goético ser preso por outro magista o que já parece invalidar o documento mencionado antes).
A internet veio, com seus milhares de masturbadores e suas legiões de especialistas em porra nenhuma e, é claro, teceu suas próprias teorias a respeito da goétia. Talvez aproveitando a onda e de olho nas vendas o autor Lon Millo Duquete publicou mais um de seus livros de goétia.
No livro “goétia e magia sexual de Aleister Crowley” (ui) ele, como sempre, coloca as descrições dos goéticos e seus sigilos para que o livro tenha pelo menos umas 70 páginas. Na descrição de Astaroth ele menciona que o autor do Lemegeton descreveu o cheiro de enxofre pra enganar o leitor, afinal Astaroth é uma deusa da beleza então o goético, certamente, deverá vir com cheiro de rosas, nada demoníaco.
Agora, partamos para o ponto deste tópico.
Muitos estudantes tratam os goéticos como espíritos “normais”, até mesmo benévolos. Partem do pressuposto de que a Igreja deturpou o sentido do termo grego “daemon” e que, mas é claro, qualquer coisa chamada “demônio” só pode ser um daemon, um espírito neutro. O entendimento, evidente para qualquer *praticante é equivocado. Até mesmo porque o demônio da goétia é um kako daemon, um espírito do mau. Ora, a idiotice chegou a tal ponto que existem sites e grupos dispostos a cultuarem goéticos porque confundem o goético com uma deidade pagã de nome similar! Mas Astaroth não é Astarte, nem Amon da goétia é o AMON egípcio, que é DEUS.
Não se engane! Goéticos não são pets, e mesmo que eles sejam partes do seu cérebro são as partes da sua “sombra”, quer dizer, de complexos reprimidos teus. Esqueça o papinho de que “demônios são seres pragmáticos e anjos dogmáticos” quando for lidar com a Goétia.
Se você discorda da minha posição e acha goéticos caras legais então eu te convido ao debate. Aponte seus argumentos e vamos juntos viajar pro inferno, ou pro cérebro.