Senhores...
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Se me permitem uma palavras a respeito, “loucura” é um termo genérico e bastante leigo para se designar as mais diversas formas de neuroses e psicoses, inclusive a esquizofrenia, no entanto, sabe-se que muitos fatores podem ser determinantes para que esse fenômenos ocorram, entre estes os fatores genéticos, ambientais, biológicos e farmacológicos, assim sendo, creio que reduzirmos o complexo ao simples numa sentença de efeito, do tipo “prática mágica pode enlouquecer”, seja algo um tanto precipitado.
Existem pessoas predispostas à enfermidades mentais, isso é fato, e o gatilho para o início dos sintomas poderá ser a prática magico/ritualística tanto quanto poderá ser uma forte decepção amorosa, ou um grande estresse profissional, o consumo de álcool ou alguma outra droga, uma experiência místico/religiosa avassaladora, uma briga com o vizinho por causa do futebol, qualquer coisa... mas não é a coisa em si a causa, ela é apenas, com já disse, o gatilho.
Não me deixarei adentrar mui profundamente em questões como “o que é a loucura e até onde ela é ou deixa de ser real”, pois essa é uma selva densa demais para ser tratada assim de maneira irresponsável como me é habitual, sobre isso apenas direi que aquilo que nós chamamos de “sanidade e realidade” não é senão um consenso baseado segundo a concepção da maioria; não é esta uma crítica e sim uma observação, já que não imagino uma civilização pautada em outros valores e parâmetros. De toda forma, cabe salientar que o “louco” (o termo politicamente correto é “pessoas em estado de sofrimento psíquico”, dizem) é tão somente aquele que percebe o mundo de forma diferente, ainda que drasticamente diferente, em muitos casos.
Se a iniciação é uma espécie de “loucura”? Eu diria que sim e não, pois ainda que ela deva colocar o homem em um estado ímpar no qual ele é capaz de passar a ver, sentir e compreender o mundo com uma profundidade muito maior do que até então, ao mesmo tempo ela não estreita os horizontes, ele não deixa de perceber o que percebia antes, ele só ganha, não perde (me refiro às minhas próprias experiências pré abissais, de Däath pra lá não posso afirmar nada), de forma que a experiência iniciática (leia-se magica, mística, religiosa, ritualística...) em pessoas sem predisposição a enfermidades psíquicas e com a bioquímica cerebral equilibrada, creio que, na pior das hipóteses, não acrescenta nada, não prejudica e nem faz mal algum.
Aliás, já que mencionei O Abismo, não posso deixar de registrar que estranhei ler a respeito do pretenso lema do Magister Templi, até onde eu sei essa coisa de “nada é verdadeiro, tudo é permitido” é lema de alguns (e apenas alguns) magistas do Caos ligados à I.O.T.
E para finalizar gostaria de salientar que temer as forças com as quais se está trabalhando sim é perigoso, na minha opinião, não porque elas possas enlouquece-lo, mas porque o medo é um dos sentimentos mais perigosos que eu conheço, ele é móvel, crescente e abrangente feito o câncer. Se você tem medo fique longe da Magia; fique longe do trânsito, da altura, da eletricidade, dos insetos, da rua, do barulho, das pessoas, dos esportes, das drogas, dos palhaços, dos loucos e dos filmes de terror...
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