Gostaria de introduzir esta questão do Karma de um modo diferente, já quem todos acreditem na possibilidade de outras vidas e que, também, mesmo experiências extra-corpóreas não sirvam - ao menos para mim - para se afirmar de modo incontestável que exista reencarnação.
Uso o conceito de Karma aqui como sendo padrões de comportamento que engendram um círculo vicioso de comportamento - como Ouroboros, criando assim um moto contínuo. Por exemplo, um indivíduo não teve atenção ou amor durante a infância - isto gera uma carência emocional - que se reflete em todo relacionamento que têm - como tem muita carência se torna grudento - tende a perder relacionamentos - em cada relacionamento perdido gera-se uma ferida, que reforça a experiência que gerou a carência...e assim por diante... Como disse Salomão: "um abismo atrai outro".
A visão do Budismo sobre Karma é basicamente o que expressei.
Agora, introduzirei uma idéia que tive ontem sobre o tema.
A idéia vulgarmente difundida sobre o Karma seria que uma pessoa deveria pagar seu Karma através de sofrimento. Até aí a idéia se corroboraria com o que foi explicado pelo exemplo. Mas fica péssimo quando se considera a existência de outras vidas. A doutrina espírita, hinduísta e outras explicam que doenças seriam causadas pelo Karma de outras vidas ou desta - um indivíduo que nasce aleijado, deformado, etc, estaria colhendo o resultado de seus atos. Seria compreensível aceitarmos a idéia de que um pensamento dominador se torne tão forte a ponto de se manifestar fisicamente - acho que é algo aceitável em Ciências Ocultas. O que desejo refutar é a idéia de que o indivíduo deve de modo inexorável sofrer a experiência e que ela seja uma lei da qual não se pode fugir.
Não colocarei todo o meu julgamento a este respeito, pois creio que o método dialético é o melhor em um forum como este, mas delinearei apenas a essência do que penso.
Pensemos bem, sabemos conforme Blavatsky que Buda e Jesus - para quem crê que ele existiu - foram perseguidos porque divulgaram arcanos em público. Ora, sempre me debrucei para entender quais eram estes arcanos, e na verdade não os encontrava, justamente por serem muito simples, e eram arcanos de divulgação proibida porque eram a base das crenças e da estrutura social destas sociedades.
Tentemos pensar assim, qual era a base da crença e da estrutura social hindu e judaica antiga? O que sustentava ideologicamente a organização e ordem destas sociedades?
Na Índia era o sistema de castas instituido pela Lei de Manu, na comunidade judaica - bem mais difícil de se identificar - era....isto mesmo...a mesma coisa....uma sociedade de castas mais discreta. Diria que o que mantinha o funcionamento saudável e garantia estas estruturas era uma crença difundida, basilar, ancestral destes povos...Karma...Karma pessoal, Karma de grupos, Karma familiar...Até ai tudo bem, é algo aceitável ou melhor que pode ter sua razão assentada pelas Ciências Ocultas.
Vejam como esta idéia difere das idéias do Novo Éon - que como a sociedade atual está assentado pela Meritocracia, garantindo a permeabilidade social conforme o esforço e produtividade de um homem ou grupo social.
O que quero dizer é justamente o que alguns, talvez já tenham captado: os ensinamentos centrais de Buda e Jesus tinham um caráter thelêmico - ao menos quanto a organização social.
Vejam como Buda critica e desafia o sistema de castas - o que motivou apedrejamentos contra ele em algumas cidades, e como Jesus descumpre as Leis Judaicas - alias, frisemos, ele descumpria as leis garantiam a identidade de Israel como uma Nação ou um povo escolhido, mas cumpria leis éticas, as leis que qualquer thelemita deve cumprir.
Voltando ao que eu dissera anteriormente, gostaria de frisar o que creio que Buda e Jesus consideravam sobre o que seria o Karma, não sua definição, mas sua essência: o Karma pode ser negociado, revertido ou transmutado por algum meio mágico, como disse o apóstolo Pedro - "o Amor(Ágape) cobre uma multidão de pecados" (pecados no sentido bíblico é o que separa o homem de Deus o Todo, gerando Karma, e o que causa o pecado é a ignorância, falta de conhecimento.) e, também, e principalmente, o Karma é algo que o indivĩduo necessariamente não tem culpa! Não foi ele quem gerou! Daí a idéia de pecado original da Igreja. Imaginemos o primeiros homem que comete o primeiro ato Kármico, deixou de alimentar o filho ou copulou com a mãe na frente da criança -rs- isto geraria na criança um pequeno trauma que seria transferido a seu filho, que amplificaria o efeito ou o eliminaria pela Iniciação. Daí um problema que não foi gerado pelo indivíduo lhe gera doenças ou defeitos psíquicos - Karma.
Acho que foi este o arcano divulgado por estes Mestres a idéia de que o Karma pode ser um erro da Natureza e de que o indivíduo pode alterar seu Karma, aqui e agora.
Desculpem e exposição de modo confusa.