Magia e Religiões Brasileiras

aluvaia,

Na minha opinião e experiência pessoal, acredito que exista aquilo dentro de você, que pode ser invocado, e aquilo fora de você que pode ser evocado. Um exemplo, a grosso modo, que gosto de dar, é sobre um fumante, por exemplo, ele não possui dentro de si a nicotina desde sempre, a nicotina não toma conta dos seus atos e pensamentos de dentro para fora, mas ela precisa ser incorporada de fora para dentro. Acredito que os deuses universais possam sim estar todos dentro de nós. Mas há outras criaturas criadas com o tempo que podem ser incorporadas. Acho que nem todos os pensamentos e vontades estão dentro de nós. Acho que podemos incorporar de fora para dentro algo novo, ou seja, NÃO universal.

Como dizia Nietzsche, "nós somos uma organização de múltiplas Almas", "Para além do Bem e do Mal, §19", e este mesmo filósofo dizia que um pensamento pode ser transformado em instinto (ação). Mas nós não precisamos acreditar nele.

(Comentário removido pelo administrador)

Yezide

Respeito sua opinião, mas devo dizer que eu discordo de você.

Creio que mesmo uma ideia ou influência deverão necessariamente encontrar uma certa predisposição para que possam florescer no coração do homem. Mesmo no caso que citou da nicotina, ela só influi no corpo humano porque existem receptores específicos no cérebro que possibilitam seu efeito.

Acredito que dentro do homem estejam os elementos que o liguem à todas as coisas, de forma que todo o objeto invocado deve obrigatoriamente ter uma contra-parte interna.

“Não há Deus senão o Homem”, portanto não creio em forças que fujam da esfera humana operando no homem, pelo menos não nesses termos.

Até posso aceitar que haja, sob raras e muito específicas circunstâncias, uma certa sintonia com inteligências extra-humanas (como em alguns casos de psicografia, por exemplo), muito embora não queira levantar aqui discussão de quão desejável, ou não, seja este tipo de intercurso. No entanto, repito e enfatizo que a chamada “possessão” genuína (por “espíritos”, anjos, guias, demônios, etc.) não é possível sob nenhuma circunstância.

Estou aberto à argumentações ou experimentações que qualquer um que queira provar ponto de vista contrário ao meu me possam apresenta mas, enquanto isso, permaneço na defesa veemente da impossibilidade do fenômeno.

Concordo.
Também acho que precisamos estar predispostos para tais situações. É claro que neste caso poderia argumentar que o estimulante, vamos dizer, precisaria vir de fora. Mas, como ouvi em outro poste aqui, a diferença entre o fora e o dentro pode ser descartada em um momento. No final das contas, as partes estão de uma forma no todo, e o todo está de uma forma das partes.

Também concordo que não há diferença entre o dentro e o fora. Que aquilo que chamo "meu", ou que ocorre em mim internamente, meus pensamentos mais profundo e ideias, estão ligadas e são o próprio mundo exterior. Nos sonhos parece que quando sentimos algo são criadas as imagens para isso, na realidade também é assim mas de uma forma diferente, estou quase a dizer que inversa, mas não sei ainda. Me sinto estupido ao compartilhar certos pensamentos com vocês. Mas, de qualquer forma, acredito que um Rei não pode ser tocado e que pode ser golpeado duro, e que uma Estrela Brilha intensamente sua luz e inunda tudo ao seu redor com seu Brilho. Quero dizer que o mundo exterior está de acordo com o Brilho da Estrela e vice-versa.

aluavaia, é de que movimento esotérico? sua filosofia é muito parecida com o gnosticismo...

"Movimento esotérico"??? rsrsrsrsrsrsrs

Não, não... Eu absolutamente não faço parte coisa nenhuma; nem movimento, nem gangue, nem associação criminosa de espécie alguma. : )

No entanto, costumo dizer que sou thelemita e Caoísta.

Me considero thelemita porque, segundo compreendo, Thelema é uma via de entendimento da realidade que se adapta de forma única a cada um, o que faz dela uma "auto-religião", absolutamente pessoal, íntima e, de certa forma, não partilhável.

E sou caoísta porque é uma "crença" que abrange e torna funcional do ponto de vista mágico qualquer "realidade".

Acho que uma forma aproximada de me definir neste sentido seria dizer que sou um ateu que acredita em tudo porque sabe que Nada é Verdadeiro...

93,
Aluvaia,
Uma pesquisa no google do seu nome me trouxe o seguinte resultado:
"Aluvaiá é o nome pelo qual é conhecido o orixá Exu no candomblé de nação Angola."

Isto me leva a crer que tu deves ter alguma ligação com o candomblé(ou pode ser só um coincidência insignificante).Corrija-me seu eu estiver errado.

Agora,voltando ao tópico:

Minha base teórica para tais fenômenos encontra-se no kardecismo,principalmente.
Partindo do princípio de que existem entidades externas ao ser humano e que são invisíveis e imperceptíveis aos nossos sentidos,por que raios estas entidades não poderiam de alguma forma obter algum tipo de controle momentâneo sobre nossas ações?
Por que um ser externo não seria capaz de "cavalgar um ser humano"?

Se um homem deseja cavalgar ele necessita de duas coisas:Saber cavalgar e um cavalo que se permita ser cavalgado.

Por que uma entidade externa,de posse dois meios necessários não poderia ser capaz de possuir alguém que deseje ser possuído?

Hadarquimedes

Sim, Aluvaiá é o nome pelo qual é conhecido o Orixá Exú na Nação Angola, no entanto, se notar, meu nick é aluvaia (em minúsculas e sem acento); de toda forma, convém dizer que sim, sou filho de Exú e sou muito orgulhoso desse privilégio que me legou o Universo, no entanto, como mencionei acima, não faço parte de coisa nenhuma, incluso o Candomblé nesse “coisa nenhuma”.

Quanto ao que colocou sobre a “possessão”, não posso deixar de notar que você parte de um pressuposto o qual refuto (ou, na mais branda das hipóteses, divirjo), a saber, o de que “existem entidades externas ao ser humano e que são invisíveis aos nossos sentidos”. Não creio que existam tais “entidades”. Como disse, é uma questão de crença, de fé pessoal. Você (imagino eu) não pode provar que existam, e se puder, fará algo que gravará seu nome na História, já que ninguém nunca o fez. Tampouco eu posso provar que não existam, muito embora o ônus da prova seja de quem afirma, já que não se prova a "inexistência" de coisa alguma.

Mas, façamos um exercício de imaginação e admitamos por um momento que existissem tais “seres”... de que maneira um deles “tomaria” o corpo de um homem, digo, mecanicamente? O que aconteceria com a consciência do possesso? Como controlar com um corpo tênue um corpo físico que não é produto desse mesmo corpo tênue, mas de outro? Por que motivo então, não possuir um corpo recém morto, como um afogado, por exemplo, que não teve seu veículo físico destruído? Por que não possuir uma pessoa em coma, que não exerce qualquer resistência? Por que não alguém dormindo? Por que não eu, agora mesmo, para que não me restassem dúvidas?

Posso até, como já disse, considerar a “sintonia” de uma pessoa com determinadas “forças” externas mas, possessão, de maneira nenhuma. Nem mesmo uma ideia alienígena que não tenha um germe no coração do homem poderá ser imposta de forma efetiva, ou seja, você jamais poderá sequer ser convencido a praticar um ato que não se coadune com a sua índole, nem mesmo em profundo transe hipnótico, quanto mais ser levado a fazer quaisquer coisas por meio de possessão... até porque NÃO EXISTEM entidades externas ao homem invisíveis bla bla bla... Não há Deus senão o Homem, não há Deus além do Homem, não há Deus aquém do Homem.

Não seria muito mais razoável supor que aquele que é acometido pelo assim chamado “transe de possessão” está extravasando algo de dentro para fora?

Às vezes, pra entendermos o mundo que nos rodeia e a nós mesmo, seria interessante que deixássemos de lado um pouquinho a religião e o "esquisoterismo" e levássemos em conta a psiquiatria e o estudo dos processos mentais humanos, por exemplo.

Mas, lógico... se você puder provar suas teses, não sou nenhum imbecil que não possa ser convencido da Verdade, considerando que existisse uma (o que eu duvido).

Ah, e o Kardecismo, perdoe-me, mas prefiro nem comentar a respeito para não parece (ainda mais) antipático, tamanha a minha incredulidade.

Subjetividade a parte:

Após ler os livros indicados pela colega aqui do forum me deparei com as pesquisas de Pierre Janet, pode ser de interesse de mais alguém do forum:

http://isabellesaillot.net/?-Actualites-

&

http://www.onnovdhart.nl/articles/dissociationtheory.pdf