Magia vs Psicurgia

Percebo em diversos fóruns de ocultismo uma espécie de "movimento", que se fundamenta basicamente no PGM (Papiros Greco-egípcios de Magia) e dizem estarem buscando resgatar a magia da Antiguidade. Ao que parece, buscam restaurar uma visão animista de magia e são bastante críticos quanto aos sistemas modernos, especialmente aqueles que derivam direta ou indiretamente da Golden Dawn ou se fundamentam em correspondências cabalísticas.

Basicamente, defendem a ideia de que os sistemas modernos não realizam magia, mas sim "psicurgia", um método que depende muito da imaginação e das correspondência, e por isso, é menos efetivo do que os métodos antigos que tratavam as forças de forma animista. A "psicurgia", para funcionar, dependeria da criação de uma "moradia astral" para que a força passe a trabalhar nesta (por exemplo, no Ritual do Pentagrama, seria necessário criar a moradia, imagem cristalizada do arcanjo, para que a própria força, o arcanjo em si, comece a operar efetivamente). Já no método animista, que eles classificam como verdadeira "magia", o trabalho se daria diretamente com a própria força espiritual, sem o intermédio de "moradias astrais" e por isso seria mais efetivo.

Gostaria de saber a opinião dos forenses sobre isso.

Poderia postar fontes que defendem esse tipo de visão mais tradicional?

Bom, como eu mencionei antes, é algo mais recente e notável nos ambientes de discussão sobre ocultismo, muito comum em fóruns internacionais.

O único livro que conheço, que adota um pouco desse entendimento é The Book of Abrassax de Michael Cechetelli.

No Brasil, há um thelemita chamado Fernando Liguori. Ele tem um canal no YouTube e nos últimos tempos parece estar adotando essa linha de pensamento.

Não sabia da existência desse movimento todo de resgate da magia arcaica. Tenho acompanhado sim um pouco do trabalho do Liguori e tenho certo conhecimento da opinião dele sobre o assunto. Assisti um do seus vídeos no qual ele diz que defende, se eu bem entendi, que alguns rituais que lidam com forças elementais deverias ser adaptados para que lidassem com forças siderais. Ele até dá um exemplo de um camarada que vai para o litoral e desejando fazer um Rmp ele então se volta para o Leste, em direção ao oceano, e invoca as forças do ar num quadrante cheio de água. Se não me falha a memória ele usa o termo “magia fraca” para designar esse tipo de operação, isso porque ela estaria em completa desarmonia com o ambiente.

Confesso que me agradou a ideia de um ritual que lidasse com forças siderais e que cogito seriamente brincar disso num futuro próximo, mas não por esses motivos. Particularmente, não acredito nesse animismo todo, e não creio que hajam “espíritos” no leste que não possam ser invocados no oeste. Até concordo que no exemplo acima o oceano seria um reforçador completamente inadequado para o trabalho mágico, mas por uma mera condição psicológica, não por nenhum outro motivo... até porque oceano tem do outro lado também, apenas está mais longe e não pode ser visto, ouvido ou sentido.

Acho que magia é um processo mental e não sei até onde as condições ambientais possam tornar a magia “mais fraca” ou “mais forte” senão pela via da sugestão.

Ah, mas então não é magia, é psicurgia. Beleza, então não sou mais magista, agora sou “psicurgista”. Coisa boa mudar, né?! : )

Na modernidade, a magia se transformou em algo mental, subjetivo. Não só a magia adotou esta formulação subjetivista, mas a filosofia e a ciência também. Esta tendência psicológica da magia é chamado popularmente de psicurgia, pois entende lidar com a mente e não pretende formular se coisas como "espíritos" ou "mundos astrais" existem efetivamente no mundo exterior objetivo, ou se são criações da mente, como subjetividade presentes dentro da pessoa. Crowley deixa esta questão em suspenso ao dizer que, se estas coisas existem objetivamente ou subjetivamente, não importa, o que importa é que se fazermos certas coisas resultados acontecem.

Psicurgia é magia psicológica. Animismo pretende ser magia real, entendendo que no mundo exterior, independente da psicologia e subjetividade da pessoa, espiritos daemons etc, existem efetivamente e que magia, no sentido animista, seria uma pratica objetiva que lida contatar tais espíritos que existem na própria natureza e universo.

Podemos perceber isso no próprio entendimento do Sagrado Anjo Guardião, que, talvez, antes de ser um "eu superior" (psicurgia) algo interno e subjetivo, seria algo real, exterior, objetivo, no sentido animista, fora e diferente da subjetividade da pessoa.

Enfim, o debate está aí, mas, o mais provavel é que podemos fazer as duas coisas, psicurgia e animismo. Agora, qual processo traz um resultado real, efetivo, exteriror, qual procedimento causa maior mudança no mundo objetivo é um bom papo, para aqueles, é claro que pretendem influênciar sua realidade exterior e não somente interior.

93!

Primeiro, trabalha-se com formas-pensamento, pode-se chamar isso de magia yesodica. A partir de um certo gráu de desenvolvimento "o raio do caos lança a sí mesmo por si só, não necessitando de armadilhas para que possamos agarra-lo". Portando, isso ai não passa de um engano. Os modernos fazem apologias até demais quanto a Objetividade dos seres magicos. Quem acusa os modernos de "psicurgia" não leram os livros que eu li. Na verdade, vejo em alguns foruns como esse, pessoas que defendem essa "subjetividade" da magia, mas não autoridades sobre o assunto.