Método pelos quais nomes e sigilos de entidades são descobertos

Em muitos grimórios como lemegeton, verum são dados diversos nomes e selos de espíritos bem como a sua forma telesmática. No livro evocação mágica de franz bardon alguns outros também são dados. A questão que tenho em dúvida é como se pode obter os sigilos e nomes dos mesmos. Isso se dá por conta da percepção do magista que percebe a energia e identifica de acordo como uma esfera e ele recebe o nome do espírito bem como seu selo e assim se comunica com o mesmo? Porém, nesse caso um mesmo nome e um sigilo não podem se apresentar com uma assinatura energética diferente para cada magista, então não seriam entidades diferentes? Aliás, a definição de daemons, espirítos ainda é pouco concreta. Para mim, são personificações de energias do cosmos que tudo habitam e movem, tanto microcosmicamente quanto macrocosmicamente( o que está em cima é como está abaixo, o que está dentro e como está fora), selos imagens e rituais seriam uma forma de atribuir um corpo delimitado de acordo com a energia que pode ser mental, astral e físico para essas forças agirem. Essa definição me parece sensata, porém acabaria sendo análoga a servidores artificiais sendo difícil de diferenciar os mesmos. O que muda? A forma de como tratar cada um? Qual a visão de vocês sobre o tema?

Ótima pergunta, e difícil também.

E para podermos responder a essa questão primeiro devemos lenhar um terreno movediço e delicado, a saber, o da definição quanto à natureza dessas "energias", "espíritos", "entidades" ou o que quer que sejam.

Particularmente não atribuo realidade objetiva a nada disso, independentemente do que se preveja que sejam, quero dizer, não acredito que existam por si mesmos, devendo estar absolutamente condicionados no que tange a sua existência à crença ferrenha e persistente de um (ou vários) "operadores". Também não acredito que, uma vez que tenham passados a existir, o façam em esferas para além do psiquismo humano, tendo a relativa capacidade de agir e interagir fisicamente apenas e tão somente por intermédio de porções obscuras, inconscientes e pouco exploradas dessa mesma energia psíquica.

Dito isto, cabe dizer que selos e formas telesmáticas são criações baseadas nas mais diversas associações (cores, funções, natureza, etc) e até "inspirações" para dar "corpo" e "cara" à "entidade". Mas sim, pode haver "leituras" de "energias" semelhantes com discrepâncias enormes no que tange aos detalhes, por exemplo, a Divindade Romana da Guerra é associada à cor vermelha, muito provavelmente por causa do sangue que é a sua associação mais óbvia; já a Divindade Iorubana da Guerra é associada ao azul, e isso ocorre por algum motivo que foge à nossa noção cultural, mas que poderia parecer óbvio para a cultura da época daqueles que naquele momento fizeram a "leitura" da "energia" e em grupo criaram a imagem telesmática daquele Deus especificamente.

Para mim, são personificações de energias do cosmos que tudo habitam e movem, tanto microcosmicamente quanto macrocosmicamente (o que está em cima é como está abaixo, o que está dentro e como está fora), selos imagens e rituais seriam uma forma de atribuir um corpo delimitado de acordo com a energia que pode ser mental, astral e físico para essas forças agirem.

De toda forma, ainda que você acredite nessas "personificações de energias do cosmos", você está certo, ainda assim seria necessário uma espécie de "corpo" para elas, mais ou menos como um "avatar mental" para que isso fizesse algum sentido para você, pois o homem não consegue conviver com a ideia da abstração absoluta, sendo o nosso cérebro programado para procurar para aquilo que desconhecemo um sentido e associação amparado naquilo que conhecemos, no intuito de "entender e catalogar" a informação nova em algo que faça algum sentido. E além disso, é infinitamente mais difícil (se não impossível) se lidar magicamente com aquilo que não se consegue visualizar de alguma forma.

Essa definição me parece sensata, porém acabaria sendo análoga a servidores artificiais sendo difícil de diferenciar os mesmos. O que muda?

Pra mim não muda nada, exceto o fato de um ser novo e o outro velho, ou melhor dizendo, de tratar-se de um jeito novo de fazer um truque antigo. Desconstruiu-se a magia para se entender os seus processos, e se a reconstruiu de cara nova, mas com processos semelhantes, já que não poderia ser de outra forma; para alguns facilitou, já que trouxe razoabilidade ao aparentemente não-razoável; para outros tornou impossível, pois para que a magia aconteça é necessária a crença genuína, e para que se possa crer em algo "escolhido" de maneira aleatória é preciso primeiro a não-crença em coisa alguma. Um paradoxo bonitinho.

Bom acréscimo ao tópico. Os daemons, gênios, etc são certamente descritos com poderes das diversas esferas, energias personificadas das mais diferentes qualidades - amor, ódio, capacidade de realizar desejos, etc - que são realmente forças que são as constituintes do cosmos. Porém, se os "corpos espirituais" com nome e selos, e se esses realmente possuem consciência independente que atuam fora do operador é uma questão nebulosa que divide opiniões. Vou deixar alguns trechos aqui para enriquecer o tópico,

Cabala Draconiana de Adriano Camargo Monteiro :
"Os arquétipos são expressões de foras e atividades espirituais, mentais e astrais e de energia da natureza, bem como aspectos da pesique numana em todas as suas camadas profundas e superficiais. Todos os deuses, deusas, semideuses, anjos, bestas e demônios das Esferas cabalísticas podem ser cossiderados arquétipos, sendo que muitos deles são seres individualizados e conscientes, e que podem ser convocados( invocados ou convocados ) mediante certos procedimentos ocultos, ou ressurgir "espontaneamente" em certos indivíduos e em determiandas circunstâncias raras. Muitas vezes, apenas as forças desses seres arquetípicos fluem de maneiras abstrata em muitas pessoas que são fortemente influenciadas inconcientemente."
"A realidade em si é a expressão pessoal em determinado momento, em determianda fase, é o que o indivíduo canaliza para si e vivencia, seja está sempre mudando de acordo com as experiências, com a evolução, com o "filtro" individual e com o tempo. Portando, as experiências com os arquétipos, ou com as forças que elas expressam não são exatamente as mesmas para todas as pessoas."

Terceiro livro de Filosofia Oculta de Agrippa :
Além disso, assim como homens diferentes têm muitas vezes o mesmo nome, também os espíritos de diferentes ofícios e naturezas pode ser observados ou marcados por um nome, por um único selo ou caractere, mas em um aspecto diverso: pois, assim como a serpente às vezes tipifica Cristo e às vezes o Diabo, também os mesmos nomes e os mesmos selos podem ser aplicados às vezes à ordem de um bom daemon e outras vezes de um mau. E por fim, a intenção ardente do invocador, por meio da qual nosso intelecto se une às inteligências separadas, faz com que tenhamos às vezes um espírito, às vezes outro, embora invocados sob o mesmo nome, a nosso serviço.