Licença Colegas,
Permitam-me dar minha opinião sobre o assunto conforme entendi.
Primeiro gostaria de falar algo sobre o "Sentido" (o propósito, o caminho, o destino etc). Parece-me que podemos formular a questão da seguinte maneira: Há um Sentido. Não há um "Sentido". E o "sentido" é a gente que faz. Primeiramente, pode haver um sentido, ou seja, um sentido momentâneo, a "Verdadeira Vontade" por exemplo, o caminho, assim como qualquer existente em uma certa circunstância cumpre certas determinações devido ao seu modo de ser e em que ambiente está inserido (ambiente cósmico, nossa Terra), ou seja, as arvores crescem, os animais se alimentam e fazem sexo, tudo morre etc, e isso são sentidos (destinos e caminhos). Então há um sentido momentâneo devido a certa configuração dos elementos nesta particularidade de mundo. Mas, parece que falta o Sentido Total, Universal. O Universo não possui uma teleologia. Lembrei-me de um capítulo do "Cordis Cinct Serpente" onde é dito: "não há de onde e não há pra onde", há uma jornada sem fito definido, "traz aborrecimento quem quer chegar em alguma lugar". Isto diz respeito a Totalidade do Ser. O Universo não é um roteiro definido. No Liber Ararita, ao se analisar o hexagrama deus se mostra de inúmeras formas e contradições e diferenças, sempre indo além rumo ao Nada. Então, sendo assim não há um sentido cósmico. (Eu tendo a dizer que o "sentido" cósmico é a multiplicação ao infinito de todas as possibilidades e formas e situações e seres e mundos e universos que se esparramam e crescem no corpo infinito do espaço infinito, multiplicando-se nas mais variadas formas eternamente sem "de onde e para onde"). Então, o que me faz remeter a terceira maneira de se entender, ou seja, o sentido é a gente que faz. Nietzsche, um filósofo alemão, fala-nos sobre o Niilismo, um ausência de sentido, mas este mesmo filósofo vai nos dizer que se falta um sentido nós devemos inventar um para nós para a vida não se tornar pessimista e decadente. Acredito que a ausência de sentido (caminho) para um Thelemita, só pode ocorrer quando ele descobriu o caminho (V.V). Aquilo que citei no começo deste texto. O Thelemita só pode abandonar e ir além do caminho (V.V), depois que o descobre e cumpre, sendo que este caminho diz respeito a um arranjo cósmico dos elementos nesta circunstância que o elaboraram tal qua ele é.
Sobre o Zero. Bem, como dito, ele está além do conhecimento. Tendo a separar o conhecimento do entendimento. Acredito que conhecer é saber a verdade sobre algo (algo, filosoficamente falando, bem difícil, alguns diriam impossível); e entender é algo além da Razão, além do pensamento ou da interpretação. Entender não é conhecer, pois conhecer é formular uma proposição, quem entende vai além da proposição, que é uma interpretação limitada da razão humana em um momento histórico. Por isso a Maldição do Mago é "pregar" a sua lei para aprisionar a alma dos Homens, e ele não gosta disso pois sabe que toda palavra da Razão é mentira, mas ele deve dize-la mesmo assim. "O sábio contou os músculos do trabalhador e não entendeu. Ceifa e Regozija" (algo assim, estou citando de cabeça o "Cordis Cinct Serpente", mas não me lembro direito onde). O que nos leva ao parágrafo I.44, do Liber Al, conforme nos lembrou Ethar, que nos diz para realizarmos nossa tarefa sem pensarmos sobre isso. Relaxe e trabalhe. Cumpra seu destino despreocupado para onde ele está te levando. Ceifa e Regozija. Ou não se regozije nada, pois o prazer também é uma ordália. "E o que é, é contrabalanceado por débeis prazeres" (Liber Al, se não me engano) (desculpem, estou lembrando de frases relacionadas ao assunto e estou citando). Voltando ao Zero, o Louco é o caminho do Mago ao Ipsissimus. Acho interessante o título "O Louco", realmente acho que ele está além do conhecimento, da verdade, da proposição, do caminho e não precisa mais buscar nada, ou realizar nada, ou fazer magia, simplesmente vive de qualquer maneira. De qualquer maneira, brincando talvez, despreocupado com deus, destino ou dinheiro, brincando de morrer (divagando).
Sobre o Absurdo. Bem, adoro o absurdo (e o que importa eu?). O inexplicável. O fora do comum. O espanto. O, "meu deus como isso é possível?". A vida deve ser rodeada de absurdo. Lembrei-me de uma carta do Crowley em "Magika Sem Lágrimas", que fala sobre o "Ato da Verdade", quer algo mais absurdo que aquilo? Bem, acredito que uma vida maravilhosa é uma vida de absurdo e relances inexplicáveis e fantásticos cheia de sincronicidades espetaculares onde a pessoa não faz nem Magia. Com a Besta disse uma vez não sei onde: "Dei-me o Absurdo".
Sobre a Discórdia, acho que "devemos lutar como irmãos", dentro de nós mesmos ou com os outros. Mas, também acho que a harmonia é o casamento das discórdias, onde o Universo é revelado como um cristal perfeito, dentro de suas incontáveis contradições e diferenças e caminhos.
Sobre o § 69, do Liber 333, que fala de um modo prático do Hexagrama (que é como chupar ovos). Acredito que tenha uma conotação prática de Magia Sexual, se entendermos os trocadilhos dignos do Leonino Crowley. Mas, sobre o que eu não sei eu calo; embora suspeite muito bem. É uma forma prática de entender o Hexagrama. Uma outra forma é aquela presente no Liber Ararita.
Sobre Thelema e a felicidade, e o Crowley. Bem, a pergunta foi direcionada a estrela do Ethar. Quanto ao Crowley, só acho que não se deve confundir um drogado (aos modos de Crowley) com alguém triste e decadente (pois ele não encarava as drogas assim, pelo menos me parece, a não ser quando ele tentava parar, dai mostraria uma insatisfação de si para consigo mesmo, mas ele largou mão disso no final das contas, de tentar parar). Mas as drogas são chaves importantes para o autoconhecimento e autoanálise, que todos os homens deveriam experimentar para se testar e descobrir (isso não é uma apologia, é um comentário, faça o que tu queres). Algo que não deveria ser negligenciado por um thelemita, pois Hadit fala-nos sobre as drogas; e o profeta usava estes meios também (isso não é uma apologia, é um comentário). Então não confundir um "drogado" com um decadente. E, de igual forma, não confundir Crowley ter morrido falido como uma falta de realização pessoal. Ele gastou todo seu dinheiro e energia na Grande Obra e excedeu ao máximo as possibilidades. Quando acabou seu dinheiro e possibilidades ele cumpriu-se, ou morreu, pois "a morte é a coroa de tudo". Sobre morrer sozinho, leia o paragrafo antes deste que você citou do 333......Layla era muito gostosa, e aquela comida que ele comia naquele restaurante deveria ser muito boa. :).....mas estou citando o percurso já feito por uma estrela morta. Não tem como saber o Coração do Crowley sobre isso. Mas se ele estava insatisfeito durante sua morte, foi um erro de interpretação do seu ego. Pois, parece-me que ele cumpriu a Obra.
O amor é a Lei, amor sob Vontade.