O meu maior inimigo certamente é o medo, invisível porém terrível. Paralisa-me e me detém.
Mas do que é exatamente que você tem medo? O que você acha que pode acontecer de pior?
O medo é um boicotador natural. Tentar, por exemplo, realizar com medo uma operação que envolva energias externa, é uma perda de tempo, já que sub-conscientemente você estará torcendo para que não dê certo.
É interessante perder essa visão maniqueísta do Universo e principalmente de nós mesmos. Não acho que exista um "lado negro" na sua psiquê. Talvez, e muito provavelmente, não um, mas vários lados "desconhecidos" da sua psiquê.
Claro que provavelmente ai dentro nem tudo seja tão manso, nem tão socialmente aceitável, nem tão facilmente abrandável. Mas pode ter certeza de que é tudo é seu, e está ai para vir à tona e se tornar equilibrado com todo o resto.
Não tenha medo de nada. Muito menos de você.
A primeira grande tarefa de um aspirante ao "mágico" é conhecer a si mesmo (olha como o aluvaia conta novidades pras pessoas rsrsrs). E certamente você nesse processo vai achar em si mesmo - pasme - coisas que detesta ver nos outros. E o mais legal disso tudo é que a tarefa seguinte não é cortar o mal pela raiz, ou suprimir esses traços da sua personalidade, mas primeiro entender que isso não é "você" e sim sua "personalidade", e depois que essa personalidade deve ser equilibrada de forma que todos os seus traços fiquem sob a baqueta da Vontade.
Aluvaia,
Mas do que é exatamente que você tem medo? O que você acha que pode acontecer de pior?
Passam mil coisas por minha cabeça que podem acontecer de ruim. Tormentas, medos, inclinação para o mal, loucura, alucinações, esquizofrenia... Existem tantos relatos que chegam a ser incontáveis.
É como ler a bula de um remédio. Certa vez tomei um antiinflamatório para dor de garganta e, quando li a bula, deparei-me com a descrição de um dos efeitos colaterais do medicamento, que era, pasmem, dor de garganta.
Por isso tenho me concentrado primeiramente em exercícios de meditação e concentração, conforme proposto por Franz Bardon na sua Iniciação ao Hermetismo. Antes de me aventurar na magia prática, quero me equilibrar internamente.
Um outro fator que me prende é a ritualística. Os livros relatam muitas diferenças cerimoniais entre si e me confundem. Não tenho amigos iniciados, aqui em minha cidade só conheço grupos wiccas e, na verdade, nem eu sou pagão e nem eles são muito inclinados à iluminação espiritual.
Tenho gostado da leitura do F. Mondini - Magia Teúrgica, mas, por exemplo quando ele refere à magia com espelho, não fica claro se deve ser usado um círculo mágico quando se invoca o Anjo Anael para habitar no espelho, nem mesmo como consultá-lo depois. E afinal de contas, quem é o anjo Anael?
Quanto mais eu leio, mais eu preciso ler. Se eu passasse um ano inteiro apenas lendo e estudando, ainda assim precisaria de mais tempo para ler mais e estudar mais. Tem vezes que me sinto preparado para dar o primeiro passo em uma cerimônia, mas daí leio algo que me freia, que me faz perceber que ainda não tenho conhecimentos suficientes.
Uma outra problemática é o lugar. Irene Liber (que escreveu uma versão das Clavículas de Salomão) e Philip Cooper afirmam que é possível fazer rituais em qualquer lugar na sua própria casa, outros já afirmam que o próprio lar não é lugar para realizar rituais. Ocorre que o único espaço que eu tenho é a sala do meu próprio apartamento, portanto meu alarme interno soa com bastante força.
Em resumo, estes são os problemas com os quais me deparo. Sinto-me de certo modo privilegiado por ser cauteloso, e por outro lado amaldiçoado pelas incertezas.
Schaezar
Dizem que a gente não se deve tomar como exemplo, mas como eu não sou muito de fazer o que “dizem”, gostaria que soubesse que assim como você, eu também passei muito tempo (anos!) lendo, estudando e planejando um “começo”. E um dia me dei conta de que se não começasse de algum jeito, não começaria nunca.
Da mesma forma que você, eu também não tinha (e ainda não tenho) um lugar específico adequado para as minhas práticas. A família é grande, a privacidade quase nenhuma, e eu pratico, assim como talvez você o venha a fazer, na sala do meu apartamento velho e feio, que fica numa das avenidas mais movimentadas da cidade, próxima ao aeroporto, em cima de uma serralheria e em frente a uma escola de samba!
Mas nesse turbilhão caótico, nessa saleta caindo aos pedaços, no meio dessa barulheira infernal, está o indispensável para que quaisquer das minhas práticas possa ter algum relativo sucesso: EU.
Não é a baqueta, não é a espada, nem qualquer tipo de parafernalha ou chapéu pontudo. Sou Eu!
E eu não enlouqueci (completamente ainda), nem tenho medos, nem alucinações, nem nada me atormenta ou tampouco tenho inclinações pra o mal (e nem pra o bem, espero).
Claro que pra brincar disso, você deve se instruir, ler as bulas, correr atras e descobrir que o tal do Anael provavelmente seja o mesmo Haniel, o Archanjo de Netzach, essas coisas... E ter cuidado e discernimento, claro.
Mas cara, se você tem medo, mas meeedoo mesmo, então quem sabe deva procurar outra coisa. Não quero desestimular você, mas nem todo mundo foi talhado para o mágico. Existem escolas de misticismo, filosofias, sei lá, que talvez sejam mais confortáveis pra você começar.
Desenvolvimento espiritual não tem necessariamente relação direta com a magia. Aliás, conceitos de “bem” e “mal” também não. A magia é um instrumento, um meio para um fim; e meios existem outros vários. Inclusive a religião.
Espero mesmo estar ajudando mais do que confundindo.
Ethar / aluvaia
correr atras e descobrir que o tal do Anael provavelmente seja o mesmo Haniel, o Archanjo de Netzach
Sem querer ser "chatonildo"... Você quis dizer isso mesmo? Eles não são o mesmo. hehehe
Este é um claro exemplo de como as pessoas têm conhecimentos tão antagônicos. Em diversas fontes eu já havia lido que Anael é uma outra forma de Haniel, mas há quem diga que não...
Ethar
Tormentas e medos? Isso temos com ou sem Magia. Estando a Magia presente, pelo menos temos um motivo para começar a enfrentar isso. E um incentivo para sempre seguir em frente.
Você tem razão. Eu já tenho tantos e às vezes tendem a piorar sem nenhuma interferencia magica. E de igual forma de deixam em paz por muito tempo, também sem interferencia magica.
Sobre as obras de Crowley, li alguns artigos que julguei interessantes, o prefacio da Goetia que eh atribuido a ele, por exemplo. Outras obras que tentei ler achei muito codificadas e ininteligíveis para mim.
Tudo o que voce pontuou me serviu bastante para clarear os pensamentos, muito obrigado.
Não contavam com o meu "provavelmente" na frente da afirmativa... rsrsrsrsrs
Salvaguardas textuais também são válidas em magia. ; )
Achei que fosse... Mas se diz que não é, então não é.
Aluvaia
Obrigado pela postagem.
De fato, já sou um homem religioso e místico. E ainda que nunca tenha praticado nenhuma cerimônia mágico no modelo de Thelema, enochiano, bardonista, caoista etc, isso não significa que nunca tenha realizado nenhum ato mágico, porque a magia nos cerca a todos, consciente ou inconscientemente.
O jejum dos cristãos, por exemplo, ou a Lei da Atração de O Segredo, ou ainda as famosas Profecias das igrejas evangélicas, tudo é, de certo modo, ato mágico.
O medo, a seu tempo, também é capaz de mover céus e terra para traZer ao temeroso todo o tipo de desventura e unfortúnio.
Ocorre que não nasci temeroso nem limitado. Em algum momento logo após a puberdade fui submetido ao cativeiro psíquico de determinada igreja evangélica e foi nessa época que me foram implantados na mente todo tipo de preconceitos e idéias limitantes.
Algo que você constantemente menciona e que simpatizo é a ideia de que no mundo não há, do ponto de vista mágico, bom ou mau, certo ou errado, mão esquerda ou direita. Acredito que seja possivel fazer a propria vontade sem que isso agrida a quem quer que seja.
No meu caso especificamente, gosto de ser gentil porque me faz bem a mim mesmo. No fim das contas é um ato egoísta ser gentil, para mim, porque eu ganho tanto quando concedo. Creio que o universo tende ao equilíbrio e isso é o valoroso.
Como o ethar mencionou, dentro de nós devemos ser senhores de todas as inclinações e eh isso em que acredito. No momento, não estou preparado para o dominio de todas elas mas chegarâ o tempo para mim.
Schaezar
Reconheço entendimento e sabedoria nas suas palavras, principalmente quando diferencia cerimônias mágicas de atos mágicos. Você me parece um camarada centrado e também parece estar no caminho certo.
Com relação ao seu medo, não existe nenhum problema com ele, desde que ele não te domine. Você talvez não imagine o quanto está correto quando diz que “o medo traz desventura e infortúnio ao temeroso”. Quando o Universo julga que você está pronto, os seus medos brincam de assustar você. A missão é fazer de conta que não está nem ai até seja capaz de convencer a si mesmo.
Eu tinha muito medo antigamente. Não necessariamente só do “oculto”, mas de coisas bem tangíveis. Detestava altura, lugares apertados, eletricidade, coisas que explodem, alta pressão, máquinas que podem te partir em dois... Adivinha o que a minha profissão acabou fazendo comigo. : )
Como brinquei acima, com relação ao cuidado que tive quando dizia que Anael “provavelmente” fosse o mesmo Haniel, não é só em magia que devemos nos salvaguardar. Sem o “provavelmente” eu seria um burro falastrão, com o “provavelmente” eu sou só um carinha ligeiramente equivocado. rsrsrsrsrs
Não tenha medo, não adianta, é pior. Tenha cuidado, isso sim.
(Responde assim: “Tá bom, mãe”. Rsrsrsrsrs)
Aluvaia,
Tá bom, mãe.
Ethar,
E nem no cuidado exagere! hehe
O equilíbrio é o fim. Entendi.
Tenho tido resultados menos satisfatórios praticando o RMP todos os dias do que antes, quando eu o realizava apenas quando acreditava que seria útil.
Antes eu sentia uma sensação de relaxamento e formigamento e conexão com o Uno, e com a prática diária eu sinto um relaxamento e formigamento que não duram mais de uns poucos segundos.
Pensei que com a pratica diária a minha técnica fosse melhorar, mas pelo visto está piorando.
Alguém sabe dizer por quê?