Ok, vamos falar sobre Caos

Salve!

Todo mundo, ou quase todo, chega à Caos Magick atualmente pela via da magia de sigilação, eu não sou exceção, e confesso que nunca tive problemas com esse tipo de prática. Ocorre que na vida se anda pra frente, e quem se contenta com o superficial nunca chegará à profundeza. Eis o grande problema, as pessoas não entendem que isso é uma forma de magia, que apesar de não ser reles ou ordinária, vem sendo usada de maneira indiscriminada para finalidades banais, o que acaba estigmatizando toda uma técnica baseada em teoria séria e com argumentações relevantes.

Ainda sim resta o questionamento. Na sua visão, o que é Zos e em que ponto este se torna Kia?

Não são conceitos de muito fácil compreensão. Ler Spare é difícil e não dá pra dizer que ele tenha a boa didática de Crowley, e muito embora eu já tenha falhado miseravelmente em tentar entendê-lo, ainda assim vou me arriscar a dar uma interpretação particular sobre esses termos basilares do sistema.

O Culto de Zos Kia era o sistema desenvolvido e praticado por Spare. Zos, além de ser o nome mágico do próprio, seria, grosseiramente falando, uma conceito semelhante ao ego, ou melhor dizendo, à mente consciente ou, ainda melhor, à manifestação da consciência. Zos pode ser entendido como um produto do Kia, ou um desdobramento (ou continuação) deste no Universo material manifesto.

Kia é um fragmento do Kaos, podendo ser considerado uma porção da nossa mente inconsciente (seu precursor, na verdade) que está algo entre o individual e o coletivo, um conceito aparentado com o que se poderia considerar abrangendo, em sua escala macro, tanto a Mente Universal, quanto em sua escala micro, a Essência do Homem. É seu Verdadeiro Eu, o perfeito avatar de seu S.A.G., a fagulha dentro dele que o mantem em contato com o Kaos, sendo este último A Grande Fonte de manifestação de todas as coisas, uma espécie de “Nada” latente de se tornar o que quer que seja, aquilo que está para Ser (intransitivamente falando), imanifesto, mas causa e razão íntima de tudo o que existe, o vazio sobre o qual o Pilar da Existência está assentado.

Quando tratamos desses conceitos abstratos é importante que tenhamos em mente que não estamos falando de “fronteiras”, do tipo, aqui começa isto, ali termina aquilo, mas sim estamos diante de algo que começa em Zos e termina em Kaos, e vice-versa, com uma flor que se abre do centro para fora, uma existência num contínuo degrade, do 0 para o 1 e de volta para ao 0.

Não sei se me fiz compreender adequadamente. Também não acredito que esta seja a posição oficial do Ministério do Caos, tratando-se sobretudo da minha opinião e percepção sobre o assunto. Mas acho que dá pra entender que existe uma certa coerência na teoria e alguma complexidade no pensamento que vão além de preocupações triviais do tipo “putz, não estudei para a prova… e agora? Ah, já sei, vou fazer um sigilo”…

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