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Vou contar um pouco da minha experiência e gostaria que me trouxessem novas compreensões acerca das práticas do estudante da AA
Eu me interessei por misticismo faz muito pouco tempo, sempre fui cético e questionador, principalmente das religiões e visões transcendentais das pessoas cristãs. Entretanto, quando comecei estudar antropologia e ter contato com etnologias outras, comecei a me interessar em entender como indivíduos experimentavam o misticismo não só em outras culturas, mas nas nossas próprias culturas (sim no plural) também. Também não queria apenas conhecer teorias antropológicas de como tudo isso opera, mas eu entendia que a experiência individual era muito mais importante do que conhecer como o misticismo funciona através de teorias da psicologia, da antropologia, da sociologia, etc. Eu queria experimentar, me permitir. Foi aí que caí na macumba, isto é, comecei ir num terreiro de candomblé próximo a minha universidade e presenciar pessoas tendo experiências de transe e isso bateu de frente com minhas não-crenças, pois aquilo que eu via não podia ser só pessoas em performance para fazer outras acreditarem (como acontece nas religiões cristãs), enfim. Eu comecei a achar tudo aquilo real, e botar uma fé, ou me permitir ter uma fé em seres que eu não via, mas que sabia que existiam, pois os sentia de alguma forma quando ia aos terreiros. Assim, participei de muitas giras e trabalhos nesse terreiro, só que ao fazer parte daquele círculo, aquilo não me bastou para compreender de modo geral o todo que agora eu sabia que existia. Então comecei a procurar outras fontes, espiritismo kardecista (apenas li um pouco do livro dos médiuns), até chegar o conhecimento das diversas seitas, fraternidades, enfim, toda diversidade religiosa e mística que há e que oferecia verdades, ou um caminho para a prática. Eu queria chegar nesse ponto, a prática nunca me foi ensinada, eu sempre lia teorias, participava das giras, acendia velas, fazia algumas orações, quase cheguei a fechar minhas guias todas, mas nada sabia de prática, nunca tive um transe místico, nada. Então, meu melhor amigo entrou para AMORC e me apresentou suas ideias e a possibilidade de se desenvolver psiquicamente, ele me ensinou algumas práticas meditativas, e aí me interessei por meditação, fui ler os sutras de Patanjali (ainda não terminei), e mais adiante conheci Crowley e, por fim a AA. Quando conheci Crowley me interessei em ler vários livros de práticas que me iluminaram, o do Franz bardon foi essencial para despertar em mim a vontade de me desenvolver psiquicamente. Mas ainda não havia praticado nada por não saber por onde começar, quando me inscrevi para ser estudante da AA, me assustou muito o diário magicko de João São João, pois era muito difícil o tal caminho do adepto, e parecia carecer de muito tempo e dedicação. Tá, mas por que eu quero contar tudo isso? Eu estou buscando entender qual o melhor caminho para conseguir praticar diariamente, como ter vontade, como acabar com a preguiça e falta de disposição, como focar? O que vocês fazem, vocês tem um interesse tão natural simplesmente que praticam ou estudam todos os dias? Como é isso para vocês?
No livro do Raja yoga, que está no currículo do estudante da AA, pude ter a primeira experiência realmente diferente depois de todos esses anos de busca e isso me acendeu uma fagulha de fé no caminho. Foi fazendo as sessões de pranayama e na prática de cessar a respiração (kumbhaka) e essa sensação logo após esse ato, quando já se está respirando normalmente, me percebi vivo e consciente. Agora preciso manter essa prática diária e constante, para adquirir o costume de tornar isso algo normal em minha vida, o que é muito, muito difícil para mim, não sei bem porque.
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