Sobre ler Tarot para os outros

Olá!

Venho estudando Tarot faz um tempo (Livro de Toth, Cabala, Astrologia, Numerologia, baralhos de Marselha Toth e Waite, Livro dos Mortos, e algumas outras coisas). Sinto que minha conexão com as cartas está se aprofundando e consigo perceber mensagens do Tarot. Também sinto que estou melhorando minha percepção de diferentes cenários e relacionando melhor os símbolos. Porém me conheço e sei o quanto sou racional e o quanto minha percepção holística é boa o suficiente para aprender rápido a agrupar, categorizar, diferenciar, etc, seguindo algumas regras.

Por isso, pra mim é difícil me conectar com as outras pessoas. Sinto essa dificuldade por ser muito literal com palavras, e por isso prefiro os livros, pois não há esse sentimento ou intenção ou passado ou subconsciente ou corpo atrás, com outras histórias e impactos, que vão além do meu entendimento apenas pelas palavras. Não falo aqui da boa leitural corporal de alguém, ou das percepções das energias, como que para definir se é seguro ficar ou não. Mas dessa sutil arte de encontrar alguém e conseguir se conectar a ponto de não ler o tarot pra mim apenas. Digo isso pois não acredito na pura definição de sentidos para símbolos como que imutáveis, como acontece na maioria do conteúdo sobre simbologia das cartas. Mas sim no entendimento de uma sequência de símbolos como que a passagem de conhecimento de uma lógica para se entender uma situação (mas não descarto que posso estar perdendo outras perspectivas de que ainda não tenho conhecimento).

Eu quero me conectar com as pessoas em um nível que possa usar minha intuição para interpretar, assim como estou cada vez mais fazendo comigo mesma. Porém eu sei algumas coisas de mim que não sei dos outros, que me permitem fazer sentido de um conjunto de símbolos e mapear o que poderiam representar seguindo aquela “lógica”. Principalmente pois o auto-conhecimento doloroso nos torna humildes, eu penso, ou seja, aprendemos a acreditar na intuição, que é um próprio sentir e ser, sem a desconexão da mente e corpo e espírito. Pois pra mim a intuição parece ser o contrário do racional ou do ego. E sem a intuição não se vê o que realmente é. Não falo isso afirmando a verdade, mas são minhas percepções até aqui. Me pergunto se o que falta para a conexão é o amor.

Então esse saber o “a mais” do outro, pra mim tem que vir numa espécie de passagem de dados. Claro que estou falando aqui de leituras autorizadas, e não sobre descobrir coisas que não me permitiram.

Então pensei que telepatia poderia ser um caminho, mas tenho impressão que aqui é sobre uma comunicação racional. Penso que no Tarot, a mensagem vem do Eu Superior, portanto não é sempre de conhecimento da pessoa. Acho que no Tarot existe também a percepção pelos sentidos, no sentido de ler mesmo o jeito e reações da pessoa. Talvez até usar conhecimentos como da psicologia corporal, etc.

Porém eu estou procurando um jeito de fazer essa conexão também num nível energético [talvez aqui seja um pouco do meu método científico falando, sobre construir o pensamento no empírico. Isso pois preciso experimentar algo além da minha cabeça para acreditar que me conectei com algo real da outra pessoa, e não apenas minha interpretação de quem a pessoa é], mesmo pq se considerar o que se fala no thetahealing por exemplo, de que existiria interconexão entre coisas de vidas passadas e de outras pessoas - isso nunca vou conseguir interpretar.

Portanto minha pergunta é, como e é possível, alcançar essa conexão não sendo uma pessoa que nasceu tendo visões? Quais os caminhos para estudar e melhorar isso? Pois a conexão com as cartas eu sinto. Mas como posso explorar esse conectar com o outro?

Minha tentativa hoje em dia é sobre conectar com o divino e apenas pedir para que se o caminho seja esse, que eu possa ter acesso a informação. Também estou fazendo o exercício proposto no Liber E. Porém até agora não tive o que eu chamaria de informações novas.

Gostaria de escutar as experiências de vocês sobre isso! Obrigada!

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Excelente questão!

Sabe, também tenho essa dificuldade de fazer uma triangulação entre o oráculo e um eventual “consulente”, tanto que não abro oráculos quase nunca pra quase ninguém. Não que eu tenha qualquer dificuldade para essa espécie de “imersão controlada” no outro, ao contrário, a facilidade é tanta que o oráculo mais confunde do que elucida. Oráculos mesmo só me sinto confortável de mim para mim mesmo.

A verdade é que a maioria das pessoas leitoras de oráculos faz dessas impressões pessoais do interlocutor uma parte até preponderante dentro da consulta, mas se você não tiver capacidade de fazer algo para além da mera leitura fria estará se usando do mesmo expediente do qual se utilizaria qualquer charlatão. A conexão é imprescindível, não só na consulta, mas em tudo na vida.

E só existe um jeito de se conectar com as pessoas e é exorbitando as pequenas relações. Contaminar-se é necessário e não apenas durante uma consulta de tarô, mas de maneira perene. Telepatia não vai acontecer, ela é um fenômeno espontâneo que normalmente só ocorre raramente entre pessoas com determinada predisposição.

Conheça gente, use de sinceridade com esse lance da literalidade das palavras, aliás use de sinceridade sempre (mas use o tato também!). Abra-se para o cotidiano do outro, para a opinião do outro, para os interesses do outro, para a sua história de vida, observe o jeito de falar, de se mover, de se expressar, observe-o enquanto mente, enquanto se pavoneia, quando tem raiva, quando chora e quando ri, e faça isso sem julgá-lo. Observe a si mesma e como se sente em relação a ele. Sente ao lado de alguém no ônibus, puxe conversa na fila do banco, olhe para o rosto das pessoas no elevador, sente na pracinha e observe as crianças, diga algo engraçado ou absurdo em público só pra ver o que acontece.

Tentar conectar-se com o divino e não conectar-se com o humano é perda de tempo. O Outro é a maior Riqueza que existe no Universo para além de Nós mesmos.

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Obrigada! Suas palavras foram lindas e me fizeram refletir :wink:

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