Sobre ler Tarot para os outros

Excelente questão!

Sabe, também tenho essa dificuldade de fazer uma triangulação entre o oráculo e um eventual “consulente”, tanto que não abro oráculos quase nunca pra quase ninguém. Não que eu tenha qualquer dificuldade para essa espécie de “imersão controlada” no outro, ao contrário, a facilidade é tanta que o oráculo mais confunde do que elucida. Oráculos mesmo só me sinto confortável de mim para mim mesmo.

A verdade é que a maioria das pessoas leitoras de oráculos faz dessas impressões pessoais do interlocutor uma parte até preponderante dentro da consulta, mas se você não tiver capacidade de fazer algo para além da mera leitura fria estará se usando do mesmo expediente do qual se utilizaria qualquer charlatão. A conexão é imprescindível, não só na consulta, mas em tudo na vida.

E só existe um jeito de se conectar com as pessoas e é exorbitando as pequenas relações. Contaminar-se é necessário e não apenas durante uma consulta de tarô, mas de maneira perene. Telepatia não vai acontecer, ela é um fenômeno espontâneo que normalmente só ocorre raramente entre pessoas com determinada predisposição.

Conheça gente, use de sinceridade com esse lance da literalidade das palavras, aliás use de sinceridade sempre (mas use o tato também!). Abra-se para o cotidiano do outro, para a opinião do outro, para os interesses do outro, para a sua história de vida, observe o jeito de falar, de se mover, de se expressar, observe-o enquanto mente, enquanto se pavoneia, quando tem raiva, quando chora e quando ri, e faça isso sem julgá-lo. Observe a si mesma e como se sente em relação a ele. Sente ao lado de alguém no ônibus, puxe conversa na fila do banco, olhe para o rosto das pessoas no elevador, sente na pracinha e observe as crianças, diga algo engraçado ou absurdo em público só pra ver o que acontece.

Tentar conectar-se com o divino e não conectar-se com o humano é perda de tempo. O Outro é a maior Riqueza que existe no Universo para além de Nós mesmos.

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