Tá bem, vamos com calma que eu também não sou esse cabalista todo e, além do mais, quem veio perguntar coisinha nesse tópico fui eu... mas vamos tentar elucidar algo:
Você perguntou: “Em relação aos caminhos, entende-se por “Caminho da Espada Flamejante” aquele que descende de Sephira em Sephira (na sequência Kether - Chokmah - Binah - (Daath) - Chesed e por diante) e de “Caminho da Serpente da Sabedoria” o que sobe?
Sim, está correto, até onde eu entendo. Também existe o “Caminho da Flecha”, que é o percorrido pelo Místico, ele abrange o Pilar do Meio e não faz o zig-zag entre as Sephiroth, mas sim uma ascensão retilínea.
Então você prossegue dizendo: “Até então, eu tinha chegado a conclusão que os Arcanos Maiores seriam como uma “meditação especial” para atingir certos estados de consciência, o que, sob meu ponto de vista, acontece de baixo para cima, assim como um Neófito esta para Malkuth tanto quanto um Ipsissimus está para Kether; o primeiro sendo “mais baixo” na árvore do que o segundo.”
E depois diz ainda: “Pensando assim, concluí, cá com meus botões, que os Caminhos, são como um “gostinho” de como será o retorno ao seio do Todo. Logo, tornando-se possível “elevar” Geburah a Binah atraves do Carro.”
Os Arcanos Maiores são de um simbolismo riquíssimo independentemente de sua associação com a árvore e podem ser instrumentos de meditação e projeção da consciência, no entanto, o Caminho da Serpente segue aquela trajetória já conhecida. Existe um fluxo natural das coisas e os Caminhos da Árvore fluem de cima para baixo (como podemos notar pela sua numeração), por isso lhe disse que O Carro leva de Binah para Geburah e não o contrário. É claro que quando você medita ou, como preferem alguns, viaja na Visão do Espírito, teoricamente poderá tentar fazer como quiser, mas não é esse o caminho “habitual”, nem da Espada, nem da Serpente e muito menos da Flecha.
Como já lhe disse, não sou esse cabalista todo e estou correndo um risco grande de estar falando bobagens, mas o que lhe descrevo é o que me parece que acontece.
Cabe dizer ainda que, ao contrário do que se possa imaginar, Cabala, Tarô e Astrologia, ainda que sejam sistemas com enormes possibilidades de sincretismo e associações, não foram criados para se encaixar como numa engrenagem, assim sendo, para que se crie na Otz Chiim um esquema gráfico rico, sempre haverá que se limar arestas, ou mesmo que se fazer adaptações maiores, como tem ocorrido ao longo do tempo.
A Árvore tem 22 Caminhos para casá-los com as letras do Hebraico, no entanto, se mais letras houvessem, mais caminhos se poderia traçar, haja vista que a própria Trilha da Serpente faz um cruzamento completamente alheio aos Caminhos previstos e associados aos Arcanos quando cruza Däath de Gedulah em direção à Binah, por exemplo.
O Tarô também se limitou modernamente a 22 Arcanos Maiores para que se pudesse manter correspondência, no entanto, nos idos de 1400 havia, entre outas tantas variações, o chamado Tarô Florentino, que chegou a contar com 97 cartas: 56 Arcanos Menores, 41 Arcanos Maiores (sendo 17 da sequência clássica), 12 cartas representando os signos zodiacais e ainda os quatro elementos e as virtudes cristãs.
Seja como for, é interessante que tenhamos para com essas coisas uma visão crítica, pois elas são o que fazemos delas. Transferências e modificações de correspondências para dar uma repaginada são expedientes possíveis de se usar, tanto é que Crowley mudou uma pá de coisa, e até posso concordar que “Tzaddi não é a Estrela”; agora, se é realmente que isso hoje é assim porque uma inteligência chamada “Aiwass” ditou ao profeta a mando da Deusa Nuit, são outros quinhentos... eu, pessoalmente não seria tão crédulo. Aprecio o milagre, mas não confio nem um milímetro no Santo. Os Eleitos confundir-se-ão.
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