Thelema e Magia Enochiana?

Eventualmente, Crowley e a Golden Dawn separaram-se, porém ele continuou a usar os ensinamentos da Golden Dawn pelo resto de sua vida. Mais que qualquer outro aspecto da Magia da Golden Dawn, ele estava fascinado com a linguagem enochiana e as Chaves para as Torres de Vigia. Crowley considerou-se como a própria reencarnação de Edward Kelley compartilhando a capacidade de observação do globo de cristal de Kelley através do seu uso pessoal do Espelho Mágicko.

Enquanto viajava pela da Argélia, em 1909, Crowley invocou os Aethers Enochianos em ordem inversa, a partir do 282 para o primeiro, usando as 19 Chaves para todos eles. A Chave para todos os 30 Aethers é a mesma, exceto para o nome do Aether envolvido. Assim, as últimas 30 chaves são, na verdade, uma única Chave que é aplicada aos 30 Aethers. Previamente, enquanto visitava o México, em 1900, invocou o 13º e o 29º Aether; assim estava meramente assumindo a partir do ponto que tinha parado. Esse método de trabalho empregado por Crowley era similar, em alguns aspectos, ao de Dee e Kelley. Ele encontraria um local particular onde poderia estar sozinho com seu discípulo, Victor Neuberg. Então, recitaria a 19ª Chave com o nome do Aether que procurava invocar inserindo no texto, no local apropriado.

Não sabemos se ele utilizou a versão inglesa ou enochiana da Chave. A versão enochiana seria a prática correta, mas em suas “Confissões” fala em "alterar dois nomes" para adequar a Chave a cada Aether. Na versão inglesa, duas palavras podem ser alteradas para cada Aether, mas na versão enochiana, somente uma palavra. Assim, talvez Crowley tenha invocado os Aethers usando a versão inglesa da 19ª Chave.

Após sentir a presença do anjo desse Aether, ele fitou um grande topázio colocado em uma cruz de madeira decorada. Descrevendo uma visão na pedra, Neuberg, sentado ao seu lado, escreveu suas palavras em um caderno, apenas como Dee havia registrado as palavras de Kelley há mais de três séculos passados. Esse registro formou o trabalho conhecido como Visão e a Voz.

Crowley declarou em sua autobiografia ter feito um Aethyr a cada dia. Parece que ele não empregou as primeiras 18 Chaves enquanto evocava os Aethers. Entendia as 18 Chaves preliminares na forma que foram ensinadas pela Golden Dawn. Descrevendo-as, ele diz que as primeiras duas Chaves relacionavam-se com a quintessência ou espírito elementar, enquanto as próximas 16 relacionam-se aos quatro elementos em subdivisões de quatro. Esta é a base do ensinamento da Golden Dawn, um conceito meramente hermético.

Crowley demonstrou uma compreensão forte e intuitiva das Chaves e Torres de Vigia. Teve problemas para reconciliar as diversas interpretações dos Aethers - se eram esferas angélicas concêntricas que estavam além dos limites das quatro Torres de Vigia, ou anjos cujos nomes estão escritos nas Torres de Vigia, ou meramente nomes para as diversas regiões geográficas na superfície da Terra. Essa confusão é compreensível, pois em nenhum momento Dee escreveu algo para esclarecer a questão. Crowley escolheu considerar os Éteres, no primeiro e mais místico sentido. Descreveu as Torres de Vigia como "compondo um quadrante de magnitude infinita". Isso está acima do entendimento normal.

Crowley abriu os portais definitivamente. A magia enochiana foi entregue pelos anjos para atuar como um catalisador para a Magia Apocalíptica – ou seja – elevar o grau de elevação do ser humano preparando-o para o próximo estágio ou dimensão. Por favor, não entendam nada do que aqui é dito como o “fim dos tempos”, muito pelo contrário, como uma fórmula extremamente dinâmica de Assunção Espiritual, através do emprego desse sistema mágicko, ou para os incautos e despreparados magos negros e feiticeiros o fatídico fim num manicômio. Após deixar a Golden Dawn, Crowley criou seu próprio mito oculto. Tornou-se o “Magus” do crepúsculo do Aeon de Hórus, que começava em abril de 1904, com sua recepção inspirada do Líber Al Vel Legis, ditado por seu anjo da guarda, Aiwass.

0 anjo da guarda de Crowley atraiu-o para um papel similar àquele forçado a John Dee pelos anjos enochianos. Crowley era tanto o escritor sagrado como o profeta para o deus Ra-Hoor-Khuit (Hórus).

Sua instrução era registrar os dizeres do deus e divulgar sua mensagem pelo mundo, com o Livro da Lei:

“Agora vós sabereis que o sacerdote & apóstolo escolhido do espaço infinito é o sacerdote-príncipe, a Besta; e em sua mulher, chamada a Mulher Escarlate, está todo o poder dado. Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles levarão a glória das estrelas para os corações dos homens.” (Líber Al - I, 15)

0 Aeon de Hórus pode ser entendido, em sentido geral, como similar à idade astrológica de Aquário. Muitas culturas da Antigüidade dividem o tempo em uma série repetida de idades, cada idade com suas características únicas definidas. Por exemplo, no sistema da Qabalah, estamos atualmente vivendo na Era de Geburah, caracterizada pelo rigor e guerra. A próxima será a Era de Tiphareth, um tempo de harmonia e paz. No mito pessoal de Crowley, o crepúsculo do Aeon de Hórus substituiu o antigo Aeon de Osíris, o deus egípcio do sacrifício, da morte e ressurreição que a Igreja Romana buscou para relacionar ao mito de Jesus Cristo.

Existem alguns paralelos entre o Livro da Lei inspirado pelos anjos de Crowley, e a Chave dos Trinta Aethers de Dee. No Livro da Lei está escrito: "Nós nada temos com o proscrito e com o incapaz: que eles morram em sua miséria. Pois eles não sentem. Compaixão é o vício dos reis: pisa sobre o desgraçado & o fraco: esta é a lei do forte: esta é a nossa lei e a alegria do mundo." (Líber Al II, 21)

Na Chave dos Trinta Éteres aparecem as palavras: “Governe aqueles que governam; subjugue tal como caem; crie com aquele que aumenta e destrói o desonesto.” Ambas as passagens se referem aos efeitos do Karma, da causa e do efeito do mundo natural. Em outro local no Livro da Lei está escrito: "Sim! não acrediteis em mudanças: vós sereis como vós sois, & não outro. Portanto, os reis da terra serão Reis para sempre: os escravos servirão. Ninguém há que será derrubado ou levantado: tudo é sempre como foi". (Líber Al II, 58)

0 Aeon de Hórus é de disputa e guerra, como o tempo do apocalipse é tempo de destruição do ego inferior do homem. Na Chave dos Trinta Aethers está escrito: "Deixe as criaturas razoáveis da Terra (ou homens) atormentarem-se e extirparem-se mutuamente; e deixe-os esquecer os nomes dos locais de habitação; deixe o trabalho do homem e sua pompa serem desfigurados."

Em enochiano, a palavra Babalon significa "perverso" e a palavra “babalond” significa "prostituta" - desse modo, a alteração na grafia da palavra, embora Crowley justificasse isso em bases numéricas.

Existe uma referência direta no Livro da Lei às Chaves Enochianas sugeridas em dois lugares:

"Há quatro portões para um palácio; o chão desse palácio é de prata e ouro; lápis lazuli & jaspe estão lá; e todos os aromas raros; jasmim & rosa, e os emblemas da morte. Que ele entre por partes ou de uma só vez nos quatro portões; que ele fique de pé sobre o chão do palácio."(Líber Al I, 51). Isso pode ser interpretado como uma referência à Grande Mesa das Torres de Vigia, que possui quatro lados e tem quatro partes.

Em Líber Al III, 47 está escrito: "Este livro será traduzido para todas as línguas: mas sempre com o original na escrita da Besta; pois na forma ao acaso de suas letras e suas posições umas com as outras: nisto há mistérios que nenhuma Besta adivinhará. Que ele não procure tentar: mas virá um após ele, de onde Eu não digo, que descobrirá a Chave de tudo. Então, esta linha traçada é uma chave: então este círculo esquartejado em sua falha é uma chave também."

Assim percebemos claramente uma ligação entre o Liber Al e a Magia Enochiana, bem como às Chaves Enochianas.

Atualmente muitos grupos modernos que praticam a forma de ritual de magia sobrevinda da Golden Dawn (diretamente ou por meio de Crowley) usando extensivamente a magia enochiana.

Uma única observação particular deve ser feita a respeito da Society O.T.O. Brasil, como uma organização dedicada não só ao estabelecimento da Lei de Thélema bem como à filosofia e magia herméticas, nossos ensinamentos incluem a Grande Mesa das Torres de Vigia, as Chaves e os espíritos dos 30 Aethers.

Nas últimas décadas, a magia enochiana experimentou outro período de apogeu. De forma crescente os escritos de Dee estão encontrando seu caminho entre os livros populares de magia cerimonial mas sempre de forma fragmentada e incompleta.

Fonte: http://www.cursosdemagia.com.br/magia_enochiana.htm

Resultado da pesquisa referente ao tópico "Enochiano, idioma Atlante?" na sessão de Magia! (pesquisa incompleta)

É a primeira vez que escrevo aqui, estou dando uma olhada por alto.

Vc estuda magia enochiana? Digo, estudo mais aprofundado...

Sim, estudo sim...

Sempre tive curiosidade pelos comentarios que ouvi por ser algo "complicado", mas não creio que seja algo tão complicado assim, só é diferente do convencional e requer algumas formas de conhecimento que não são mais tao populares, como geomancia (sendo que essa não é tao necessaria...).

Mas ao que me parece a Magia Enochiana parece ser o "ápice" do sistema da Golden Dawn e Crowley ajudou a aperfeiçoa-la, sendo que a maioria nunca nem tentou conhece-la.

Os trabalho de Crowley que conheço de Magia Enochiana é Liber Chanock e a Visão e a Voz.

SEm contra que por comentario do proprio Crowley, as visões conseguidas nas "viagens do espirito" (skrying) dos 30 Aethyrs, parecem reunir crenças de todas as religiões até o momento... e segundo ele parece ser coerente com todas elas (vide introdução da Visão e Voz).

Mas os seres da Magia Enochiana não devem ser confundidos com anjos como os conhecemos popualarmente, na verdade são seres ou forças muito antigas e que nada tem a ver com nosso conceito de "angelical"...

Comenta-se que a Magia Enochiana é uma prática que realmente mais do que quaiquer outras práticas magicas "faz com que as coisas aconteçam", movimentando energias muito poderosas.

E que até mesmo uma pessoa sem grande conhecimento mágico obteria resultados tangíveis (ainda que sujeitando-se a eventuais obssessões), por esse motivo sendo uma atividade perigosa para o iniciante.

No entanto para o magista hábil aparentemente seria um artificio com um potencial extraordinário...

Você diria que obteve resultados assim tão formidáveis quanto a propaganda?

Ou o que faz com que as coisas aconteçam é o magista independentemente do tipo de magia?

Os magistas mais experientes geralmente usam magia enochiana para viajar para outros planos como forma de aprendizado e harmonizar-se com essas energias gerando uma alquimia interior.

Creio que alteracoes no mundo fisico nao sejam o real objetivo...

Rituais enochianos podem ser realizados tanto viajando ate o plano da entidade ou trazendo ela ate o nosso...

Mas segundo a maioria dos autores conhecedores do assunto, a maior utilidade da pratica de magia enochiana eh o aprendizado adquirido viajando ate o plano de tais entitades...

Aprendendo assim suas relacoes e propriedades poderia-se entao evoca-las posteriormente.

Todas as entidades enochianas sao um conjunto de forcas diferentes que geram um forca especifica, ou seja, cada entidade tem poderes e caracteristicas unicas.

E DEFINIVAMENTE existem muitas entidades...(cada quadradinho daquelas placas pode ser identificado com uma! [;)] )

Acho improvavel que alguem que pratique magia enochiana conheca o plano de todas as entidades, mas creio que seja possivel... mas talve desnecessario com a evolucao do mago.

Mas no meu ponto de vista eh uma otima pratica para exploracao do plano astral!

Soh requer conhecimento dos principios que regem os elementos atribuidos a cada "piramide" e cada "esfinge" associada a cada entidade!

Onde aprender?

O livros de Donald Tyson e Israel Regardie são bons refereciais para o iniciante?

Ah, com certeza!