Pelos currículos da A.'.A.'., magia cerimonial, evocativa, trabalho com tattwas é o básico a se estudar e praticar, contudo, alguém já tentou seguir os preceitos de Thelema voltado à ritualística umbandista?
A que curriculo se refere? Pelo que eu saiba, vc escolhe o seu metodo de trabalho
Quando fala em "Umbanda" está falando apenas na religião Umbandista ou está se referindo genericamente às várias vertentes do africanismo?
Pergunto porque esta religião realmente me parece um insólito lugar onde "nada é verdadeiro e tudo é permitido", no entanto, de forma pouco consciente. A Umbanda deturpa alguns dos conceitos e nomenclaturas daquilo que no Brasil se convencionou chamar de Candomblé (que já é uma adaptação do africanismo original), do qual sim eu extraio fragmentos fundamentais para minha vida, reveladores da minha V.V. e pertinentes ao meu culto doméstico e particular.
Li um artigo que trata que trata as religiões umbanda e candomblé como religiões thelêmicas e pertencentes ao novo aeon.Sou um grande admirador da cultura religiosa e das mitologias africanas e acho perfeitamente válidos utilizar tais preceitos em nossa práticas.Na minha opinião, creio ser plausível(mas não experimentado)que a chamada feitura de santo seria uma versão mais simples e atual do ritual de Abramelin.Não sou frequentador de nenhum terreiro, mas as vezes fico um pouco chateado pelo Liber 777 não conter o nome de nenhum orixá(até onde sei).
Aluvaia,
Qual é sua fonte para tais estudos sobre o africanismo original?
se puder nos revelar e indicar de boa vontade alguns materiais para tais estudos, fico agradecido.
O meu interesse (você não perguntou, mas eu vou falar) é, hoje em dia, muito específico por alguns poucos Orixás, muito principalmente por Exú (o ORIXÁ, não o catiço da umbanda) e meu conhecimento acerca do assunto não é restrito aos livros publicados sobre o Candomblé para Candomblecistas, mas da convivência com quem conhece a coisa do "lado de dentro" - o que é muitíssimo enriquecedor, pois muito dessas coisas não estão nos livros -, assim como da minha própria capacidade de encontrar ligações em coisas sem ligação aparente, como Thélema, Candomblé, Neuropsiquiatria, Psicologia e Parapsicologia.
Eu acho que existem alguns chamados "clássicos" que já são meio que de domínio público, as obras de Pierre Verger e Roger Bastide de fato são meio que leitura obrigatória para quem quer entender dessa vertente religiosa, não meramente por descreverem a religião em si, de forma mais ou menos sectária, como o faria um Zelador de Santo, por exemplo, mas por fazerem essa descrição segundo uma visão histórica e antropológica da coisa. Interessantíssimo notar as diferenciações entre o que era o Culto aos Orixás/Inkíces/Voduns na África e o que é a aglutinação dele no Brasil.
Pra quem gosta de lendas a respeito, sugeriria "Lendas dos Orixás" do Reginaldo Prandi.
Para os fãs de Exú, que é o Orixá mais bacana do Universo e tem os filhos mais bonitos, fortes, inteligentes, simpáticos e modestos, eu recomendo fortemente um documentário chamado "A Boca do Mundo - Exú no Candomblé". : )
Tópico antigo mas é um assunto que tem me interessado ultimamente.
Entendo que por Umbanda o autor do tópico refira-se ao culto iniciado pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas. Dentre as duas grandes vertentes do africanismo brasileiro (nação e umbanda) eu acho que a Umbanda é a mais adaptável à magia cerimonial e às doutrinas thelemicas. O culto de nação (o candomblé, o batuque etc) não é adaptável para Thelema na minha opinião, claro que podemos trabalhar com as formas divinas dos Orixás no círculo mas os preceitos do candomblé são diferentes de Thelema, o candomblé não é um culto do “Novo Aeon” por assim dizer,
Já com a Umbanda parece que o caso é diferente.
Já houve uma tentativa de unir a Umbanda com Thelema através de adeptos do ramo draconiano no Brasil, chamaram isso de Umbanda Thelemica, mas parece não ter dado muito certo.
Comecemos definindo a base de culto da Umbanda:
A Umbanda trabalha com a evocação dos mortos. Esses mortos são organizados em uma hiearquia inicial de Pretos Velhos, Caboclos e Exus. Os Pretos Velhos estão mais próximos dos Orixás ou de Deus dependendo da doutrina da casa. Perceba aqui a influência da Cabala no culto: Um Preto Velho pode equivaler a um “anjo” de Chokmah, um Caboclo equivaleria à tríade média da Árvore com Geburah, Chesed e Tiphareth e um Exu à tríade inferior de Yesod, Netzach e Hod.
Cada um desses três arquétipos nos quais os mortos se manifestam está relacionado com uma emanação de Nzambi-Deus, sempre em número de 7; é bem simples então pois as falanges se organizam como exércitos de espíritos que podem ser trabalhados com os símbolos da Sephirah equivalente. Por exemplo, Tranca Ruas é relacionado com o Reino das Encruzilhadas e, dependendo da doutrina que se adota, pode ser relacionado com Mercúrio ou Marte - Hod e Geburah.
Há inclusive a possibilidade de trabalhos qliphoticos com as linhas de Kimbanda ou “kiumbanda” que são trabalhos com os kiumbas por meio dos Exus.
Note também a síntese dos arquétipos: o velho sábio com as supernas, o guerreiro valente com a tríade média e o feiticeiro necromante ou bruxo com a tríade inferior.
A adaptação para Thelema começaria em se substituir a imagem de Jesus como arquétipo fundamental da Umbanda para a de Hórus ou Pã, deidades chave do panteão thelemico. Dependendo do trabalho poderia se dividir em outras deidades, os Exus com Anúbis, Seth ou Min, os Caboclos com Hórus ou Montu, e os Pretos Velhos com Toth, Osíris etc.
Teoricamente podemos fazer isso, o problema no entanto é a questão prática.
O círculo mágicko de um thelemita não visa evocar um Exu mas TORNAR-SE um Exu, por assim dizer, você não devota-se a uma deidade mas sim tenta tornar-se ela. Isto não ocorre na Umbanda.
Quero dizer com isso que o objetivo basilar do magista thelemico é o de fortalecer seu corpo de luz e não o de outra deidade. Os pentagramas de um círculo por exemplo são, segundo Motta, lembretes aos espíritos de que eles deverão um dia cumprir a Grande Obra, e é isso que impede espíritos inferiores de entrarem no círculo pois soa como uma ameaça. O incenso dentro do círculo serve antes ao magista do que à deidade exterior a ele por exemplo.
Outro problema é a fonte de energia espiritual, na Umbanda supõe-se que sejam os mortos iniciados do culto que continuam perpetuando as práticas, mas em Thelema não há isso, os únicos mortos que são invocados em Thelema são Crowley (IAO, Therion são suas fórmulas) e Ankh f n Khonsu, talvez Aiwas.
É possível talvez trabalhar com o panteão egípcio numa casa de Umbanda e dessa forma adequar os espíritos ao culto thelemico, se o espírito digamos “aceitasse” a lei de Thelema e se tornasse um iniciado da corrente - como um djin que aceita o islamismo por exemplo.
Essas iniciações dadas aos mortos não parecem impossíveis de se fazer. Um Exu que entenda o Arcano do Diabo será muito diferente de um Exu que interpreta esse Arcano da maneira que um profano - como um evangélico ou um ateu - interpretam.
Existem alguns casos também que podemos levar em consideração. Austin Osman Spare por exemplo era guiado pelo espírito de um feiticeiro índio norte-americano chamado Black Eagle, claramente equivalente ao que chamamos de Caboclo hoje. Kenneth Grant escreveu que Black Eagle era o “SAG” de Spare. Isso é interessante porque o SAG, na minha opinião, é um Adepto morto que “desce” da A.A ou seja das Supernas, para guiar o magista. Há então a hipótese de que hajam falanges de adeptos mortos que possam ser trabalhadas, ou pelo menos de elementais e seres astrais, por exemplo os Sátiros podem ser organizados nos Reinos de Exu.
É um bom tópico para debate.
93!
A Umbanda tem em seus rituais, assim como o candomblé, rituais e doutrinas que nada tem a ver com a Liberdade 9 com (maiúsculo).São religiões onde predominam o patriarcado, o ‘autoridade’ e a ditadura dos babalorishás e yalorishás. Assim, como qualquer outra religião existente em nosso planeta. Quanto a ritualística, pode haver semelhanças nos rituais, mas não há nenhuma semelhança doutrinária. Até porque Thelema é antidoutrinária.
Eu acho que depende muito da casa e da doutrina seguida. Hoje em dia tem muita casa intitulando “umbanda esotérica” que aborda assuntos mais magísticos se distanciando desse lado cristão patriarcal.
Cara que ótima dedução e definição dos caboclos da umbanda, você conseguiu fazer uma analogia ao SAG que eu me “arrepiei” aqui lendo kkk muito bom, eu sou umbandista de uma corrente tradicional que usamos branco at com trabalhos com Exus. E eu constantemente me faço essas perguntas
Desculpe náo ter respondido, eu entro pouco no fórum e só hoje descobri que tem um menu que mostra respostas às postagens.
No terreiro que frequentei e sou extremamente agradecido por ter literalmente salvado minha vida, vi muitas vezes guias descendo e passando mensagens que o “amor estar dentro de si”, que “amando a si próprio os outros também seriam amados” de uma forma extremamente simples e profunda. Não foi “Faze o que tu queres” e muito menos filosofia new age paz e amor, foi algo verdadeiro e voltada para o si, não para fora. Outro momento, os mediuns em formação estavam sendo orientando pelo pai de santo da casa a desfazer um trabalho, a pessoa que solicitou incorporou mesmo sem ser medium e a entidade era bruta. Enfim, os mediuns que estavam todos incorporados lutaram bastante, mas o grande X da questão foi a fala do pai de santo incorporado no Sr. Tranca Rua, basicamente ele disse que quando você firma sua Vontade nenhum outra entidade pode ir contra a ela, e o medo e a insegurança afasta isso, e que os mediuns deveriam firmar a vontade.
Duas lembranças que tive lendo e resolvi compartilhar, não tinha nada na linguagem Thelemica a priori, mas na hora eu falei para mim mesmo “isso é Thelema!”
Estou me desenvolvendo em um terreiro de Exu e PombaGira, voltado mais pra “esquerda”. E ultimamente meus registros do diário magicko na Santa Ordem tem sido a maioria em relação a essa identificação de princípios thelêmicos dentro do culto. Principalmente por não ser uma “umbranca” velho aeon. Tem sido ótimo observar como as 2 iniciações se complementam e, às vezes, reforçam o mesmo ponto e práticas.