Carta "O Universo"

Seria correto considerar a carta de Taro "O Universo" também como um pantáculo semelhante ao que o Neófito deve construir em seu grau ?

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Rapaz eu não consigo imaginar mais de uma interpretação para a palavra "semelhante". Mas ficaria feliz se alguém estiver disposto a comentar sobre a consideração da carta "O Universo" como um pantáculo ser algo coerente. Considerando que no Liber 777 em "As Tríades Vitais" o Atu 21 (O Universo) é chamado de "O Sistema" e colocado no grupo "O Pantáculo do Todo".

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Acho que entendi o que você quis dizer. No caso o pantáculo tem que respeitar a visão de universo do Neófito e é em formato de prato. Entendi agora porque você foi bem específico.

Como o título do tópico é geral sobre a carta acho que cabe mais algumas perguntas sobre a carta.

No Taro de Thot o Elipsoide onde interiormente é desenhada a figura feminina e a serpente (ou tecido vermelho) é encarada por alguns como um glifo do signo de Peixes (O que para mim não faz o menor sentido). Não faria mais sentido encarar o elipsoide como um olho aberto (só que ele esta de lado) ? A carta retrata neste caso dois planos: Aquilo que este grande olho esta vendo (a imagem da virgem e serpente) e o que é refletido no olho (A figura impossível de Escher - bem no meio da carta). Este olho seria o AIN e a Virgem dourada seria NIA (A filha).

Seria coerente esta disposição inicial das idéias ?

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Ayin (Olho) é a 16ª letra do alfabeto hebraico e seu valor é 70. Existe uma associação de Ayin com Ain, já que Ain uma forma simples
de escrita de Ayin e também existe uma letra Árabe chamada AIN com o mesmo significado (Olho) e associada como equivalente a AYIN. Por causa dessa associação, Kenneth Grant costuma chamar Ain de "Olho do Vazio", uma figura representativa do imanifesto e
por onde somente dela a manifestação ocorre e também dentro dela. Este Nada seria a "Vagina" onde dentro dela o universo esta.

Ainda sobre os glifos eu não sei quanto a vocês mas da pra tirar conclusões interessantes quando unimos as formas fenícias
da leta Ayin e Tav:

+
= Glifo astrologico da "Terra" e Símbolo de Malckut

O processo de manifestação pode ser retratado de diferentes formas assim como a própria manifestação e as manifestações secundárias a primeira. Neste ponto eu percebo o esforço em retratar essas diferentes formas de simbolizar estes estados e as dinâmicas de transição entre estes estados.

Uma outra forma de representação do universo imanifesto é representado pelo conceito de 無極 (Wuji, O Vazio supremo) no Taoísmo. Nesta Vazio também seria o "espaço" onde ocorre a primeira manifestação (道, Tao) pode onde decorre todos os outros princípios.

Só um parêntese:

O que acho importante nesse ponto é que se aceitado símbolos, glifos, nomes, e valores como representativos
desses conceitos, estados e etc, é importante considerar que existe um dinâmica! no sentindo que o imanifesto
pode ser retradado sozinho, depois com a primeira manifestação ou possíveis fases para que ocorram esta primeira
manifestação, a manifestação ocorrendo, os elementos seguintes a primeira manifestação e por ai vai. Eu falo isso
porque para mim as fases da lua para mim podem ser utilizadas para simbolizar os diferentes estados desta "Noite" (também
um símbolo de estado de não manifestação). O nascimento do sol seria um símbolo da manifestação. A pesar de realizar
analogias com fenômenos da natureza eu não acredito que os processos sejam retradados respeitando os mesmos ciclos,
onde quero chegar é que a noite metafísica teria que passar por todas as fases da lua (Yesod)
para finalmente a manifestação surgir (Tifereth) simbolizado pelo Sol nascendo.*

Para mim Malckut não é o mundo material e sim o local onde as manifestações das demais sefiroths ocorrem sob a roupa
dos fenômenos naturais. Então eu posso ter um Malckut onde Yesod esta em lua Nova, toda a substância da manifestação
que é a luz (neste linha de simbolismo utilizada, porque posso rescrever isso usando o símbolo do sangue) esta fragmentada
como estrelas no corpo de Nuit. Posso ter um Malckut onde se manifesta a força de Tiferet tendo um lindo dia que representa
a manifestação e uma forma de coagulação da luz.

O que Kenneth Grant faz é jogar com as letras de AIN e valores para diferenciar de uma forma peculiar estes estados mas mostrando
que em essência é a mesma coisa. Seria algo mais ou menos assim. AIN é Nada, ai ele inverte, tenho NIA (que significa filha).
Esta NIA se une a Serpente que forma o OVO que esta enrroscado na cerpente. Não estaria presente até ai nenhum simbolo da manifestação, A dinâmica da não-manifestação para manifestação ainda estaria ocorrendo. A Manifestação é retradada na carta "O louco". Na carta "O Universo" só tem elementos retrando o universo como potência (pelo menos é como vejo).

A mulher e a serpente são (para mim, até agora) Ob e Od, Shu e Tefnut, usando um só simbolo para Ob e Od Kenneth Grant usa
a dupla baqueta (Ver Pag. 25-26 em **Nightside of Eden* de Kenneth Grant*), e Coph Nia (O senhor da dupla baqueta).

Isto não encerra o que posso dizer sobre a carta mais acho que é uma explicação a sua pergunta.

O que mais doi é que escrevi "Serpente" com C e não tem como editar o post xD

Algo que pode complementar:

http://wearetime.blogspot.com.br/2014/12/a-logica-do-absoluto-os-escritos.html

http://br.monografias.com/trabalhos915/da-triade/da-triade2.shtml

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Só peço teu feedback, nem que seja a tua visão da carta.

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Olá.
Não sei se posso contribuir.
Mas existem algumas atributos da Carta que achei interessante e que me fizeram pensar.
No “Livro de Thoth” quando Crowley explica o arcano XXI, ele diz que a primeira atribuição lógica é que a carta é o complemento de “O Louco”. Todos os demais arcanos partem do O Louco até chegar no Universo, que seria a Obra cósmica realizada. O Louco, conforme o Livro de Thoth, pode ser remetido a Mat, deusa-abutre dos antigos Egípcios, e o abutre pode ser relacionado a Nuit. O 0 representado pela carta é o resultado da equação thelêmica 0=2, que é o equilíbrio inicial da manifestação e o resultado final da soma de todos os contrários da manifestação no Universo. O 0, é uma energia fálica segundo Crowley, no sentido de uma ação que englobaria o positivo e o negativo, uma energia fálica mas sem o dualismo com a passividade, uma forma mais sublimada que seria resultado da união dos contrários. Para mim Crowley está dizendo sobre a energia de Nuit. A própria “matéria” do espaço infinito. A substância de Ain soph aur. Não a matéria como concebemos, a existência, o Ser, mas o espaço e a “luz” ilimitada de que ele é feito, a própria “matéria escura”, ele está descrevendo a energia que é o próprio Espaço Infinito. Esta energia no Livro de Thoth, quando ele explica a carta O Louco, ele atribui ao Ar, como o Vácuo, como se a origem do Universo manifestado tivesse base neste Ar, nesta substância inicial do Universo.

Na carta o Universo, achei interessante a associação com o número 4, no sentido de limitação e concretude, de finito, de realização, de algo material feito e fechado. Mas, ao mesmo tempo, o 4 se refere ao Tau, a cruz, como expansão por todos os lado, como crescimento, como relacionado a conquista do espaço e do tempo. Para mim, o Universo, para Crowley, é algo em crescimento dentro do Espaço, algo finito que cresce infinitamente, se apoderando da matéria do Espaço e usando esta matéria (a energia de Nuit, ou O Louco) para seu crescimento. Nuit é a possibilidade de infinitas possibilidades. Neste sentido Crowley limita o Universo, fechando-o na expansão do 4. Esta é uma atribuição interessante para o Universo, não o transformando em algo infinito como o Espaço ou o Louco, mas como se a matéria fosse algo finito e limitado dentro do infinito e ilimitado, mas, que está em contínuo crescimento. Isso é muito importante para a Ciência e a física. É interessante o conceito físico da união da Matéria com a anti-matéria que formaria a aniquilação da existência. Como se a Matéria surgisse da anti-matéria, e na união destas duas haveria o fim da matéria. Stephen Hawking tem uma ideia parecida que ele aponta em um vídeo “Deus criou o Universo?”, que já comentei neste Forum, que para mim, mostra forte influência do Liber Al na ciência e em Hawking. A relação do Universo com o Espaço infinito é representado pela associação da Carta com o Grande Mar e Binah, mostrando que a matéria está presente no Grande Mar de Binah. A cor negra é interessante também para ser estudada, inclusive sua associação com o Sol, assim com o Falo, e por fim com o O Louco, e então com Nuit.

Acho que a fórmula: Nada = Muitos = Dois = Um = Tudo = Nada, mostrada na introdução do Livro de Thoth, vale a pena ser meditada também, para se entender a Carta O Universo e sua Relação com o O Louco.

Também considero importante uma meditação sobre o conceito de Infinito como apresentado em Liber Al. Então nós temos o Infinitamente Grande (o Espaço infinito, Nuit) e o infinitamente pequeno (A matéria, Hadit) (claro que estou usando estes símbolos com seus correlatos existenciais e físicos, científicos. A matéria (o Universo realizado), pode ser infinito também, mas para dentro, em suas partículas subatômicas. Se tivéssemos um microscópio que sempre aumentasse o tamanho ilimitadamente, descobriríamos o infinito das partículas, e as partículas dentro das partículas infinitamente. O infinito é algo interessante de ser estudado na forma que aparece em Liber Al.

Enfim, acho que me alonguei, mas poderia dizer mais sobre isso.

Atenciosamente.

Dei uma lida rápida nos Links postados pelo @alvieirajr, achei interessante. Talvez poste algumas considerações sobre o que li.

Algum tempo atrás fiz uma Meditação sobre os véus do negativo Ain, Ain Soph e Ain Soph Aur, e cheguei em umas conclusões que achei interessante, talvez poste algo sobre isso aqui também.

Abraços.

"Uma festa todos os dias para Nuit".

Permitam-me fazer mais alguns comentários sobre a Carta conforme entendo.

Sobre o desenho da carta "O Universo". Bem, todo simbolo, embora possua elementos universais e definidos, também é algo que sempre abre margem a novas interpretações conforme a metáfora do simbolo que pode se estender ao infinito de significações.

Em outros desenho desta Carta, a Carta inteira é desenhada sobre um fundo Azul celeste, como se o Universo fosse algo que ocorresse dentro deste Azul Celeste, e a elipsoide seria como algo fechado, amarrado nas extremidades, dando uma ideia de cerca, de limite. No desenho da artista do Crowley, a elipsoide também parece se estender ilimitadamente para além do retrato da carta. É interessante a cor ocre (uma variação do vermelho, quase um marrom, cor de ferrugem). Mas talvez estaríamos indo profundo nos detalhes, além do que pensou a artista e o Crowley.

Sobre o Olho, já existe um olho dentro da carta, refletindo uma luz (como o Sol?) direto na serpente e sendo recebida de braços aberto pela Mulher Dourada.
Sobre a Vagina. Seria entender a Vagina como Porta? Entrada e Saída? Como se parindo o Universo?

Para mim existe um equívoco de interpretação provindo da Tradição Antiga de pensamento humano que postula a ideia de manifestação, de origem, de criação do Nada. Como se antes da manifestação haveria o imanifesto e que sabe lá por qual motivo se manifestou e houve o início, o princípio, a primeira manifestação.
Como se supondo a Não-Eternidade do Ser. E que daquilo que não-é, surgiu, em um momento, por algum motivo, aquilo que é.

Meu pensamento faz duraz críticas a ideia de Manifestação do Imanifesto.
Ou aparição do não aparente. Criação do Nada. E outras coisas semelhantes a estas.

Este desenho, nesta parte deste simbolismo, para mim (como disse, os símbolos podem ser infinitamente interpretados), representa que o Universo está manifestado dentro de um Espaço Infinito. Não que surgiu dele. Mas que mantém uma relação com ele, estando dentro dele, dentro do seu infinito, um finito dentro de um infinito.

Sobre o pentáculo, que o Neofíto da A.A deve confeccionar diz respeito a um simbolo do Todo, ou do Universo?. O Universo seria o Todo, ou algo do Todo?

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São dois olhos. Um é o olho do vazio, que é AIN. A mulher + serpente formando o símbolo do infinito em pé é AIN SOPH. Este outro olho emitindo a luz tem ligação com o SAG eu ainda não entendi bem esta parte estudando Kenneth Grant. Para mim até agora será como uma retroalimentação, a luz do AIN SOPH AUR que é a luz (KETER) vai passar por TIFERETH que de "alguma forma" influência este "outro lado", o lado da negatividade. Eu não sei ainda. Mas uma coisa que me parece coerente é que a carta retrata os três véus da existência negativa na forma de glifos e personagens.

Segue um trecho do livro de Kenneth Grant. "A corrente lunar, tipificada pelo número 13, Gêh ou Gô está conectada com as
evibrações vaginais ou ofidianas que manifestam os kalas dos quais a Deusa Kali é a
personificação suprema. Kali, pela Gematria, é 61, o Ain ou Olho do Vazio; a fórmula feminina
criativa. No reverso (i.e. como Nia) este olho é da noite e da escuridão do eclipse tipificado por
Gêh. O número 61 no reverso denota os 16 kalas dos quais o Olho completo (i.e. os dois olhos)
é o símbolo. Os dois olhos são AINNIA e NIAAIN e seu número é 122, o número de Gilgalim,
‘revoluções’ ou ‘ciclos’ (de tempo); de HSIUM, ‘o fim’, e de IQBI, ‘espremedores de vinho’,
todos os quais expressam a idéia de Kali e de período em um conceito. 122 é um mais que SATAN.
A corrente Satânica é a fonte de muitos conceitos antigos que tem sido mal
interpretados por mentes modernas como demoníacos num sentido moral. Mas o sentido
original era de modo diferente, se não o verdadeiro oposto. Contudo, o Novo Aeon tem trazido
consigo aquilo que os antigos intuíram mas que eram incapazes de postular cientificamente
porque a qualidade da antimatéria, anti-ser, de tudo o que está implicado pelo simbolismo do
Abismo, não era suscetível de medição. Daí o crescimento substancial de mitos e lendas
tratando dos aspectos ‘malignos’ das forças de vida e morte. Ainda assim, como os antigos se
tornaram gradualmente conscientes de que o mesmo sol e não um sol diferente nascia e se
punha a cada dia, também no Novo Aeon o homem está se tornando mais e mais consciente
da possibilidade não apenas de explorar o outro lado da Árvore, mas do fato de que ele é
meramente o outro lado de uma única entidade que idêntica com nós mesmos; aquele lado mágico,
o outro místico, num sentido muito diferente do que qualquer previamente recebido."

Não pego 100% do que ele fala mas para mim o importante é a representação de AIN como um olho, AIN SOPH na forma da virgem mais serpente e AIN SOPH AUR na forma da luz que é a antítese da escuridão. Um ponto que eu acho importante na carta é mostrar que existe uma ligação (ou possível influência) entre a luz nos elementos da escuridão (a serpente). Seria como uma retroalimentação, um feedback, um círculo se fechando ligando o nada ao tudo. Ainda estou meditando sobre isso.