Como o ser humano é péssimo perdedor e não aceita que nada suma simplesmente (nada se cria, nada se perde, tudo se transforma... blá, blá, blá) ruminava eu a respeito das coisas que desaparecem: nossos pensamentos, sentimentos, sonhos, informação (de forma abstrata) e, porque não, a alma dos mortos. Então imaginei um lugar onde pudesse convenientemente (ou mantivesse acesa a esperança de) acessar esse tipo de perda, resolvi chamá-lo de Plano Astral. O que acham?
Ethar:
A questão que levanto não é se existem, ou não, Registros Akáshicos, mas até onde isso existe por si só e até onde isso é criação da memória coletiva humana, pois como brinquei no enunciado “eu imaginei um lugar (…) resolvi chamá-lo de Plano Astral”. Quero dizer, se é criação humana, está condicionado ao "Inconsciente Coletivo" e a tudo o que lhe é inerente (atavismos, crenças, traumas, medos, superstições, enganos).
E se partirmos do pressuposto de que é um produto da própria humanidade, muitas outras conjecturas poderemos traçar, como por exemplo, no que tange à alma dos mortos. Se o “astral”, ou como se queira nomear, é um lugar de depósito de excrescências humanas (seja de que tipos forem), porque não crer que tais “almas” sejam apenas projeções mentais e sentimentais (lembranças, saudades, mágoas, enfim...) daqueles que ficaram para trás.
Se não é, se é algo “além do homem” (o que eu duvido), quero saber de onde saiu.
E mais mais uma dúvida: Fatos não testemunhados estarão inseridos nos “Registros Akáshicos”?
Zosimo:
Ocorre que não estamos tratando de energias mensuráveis, massa, ou matéria, mas algo um tanto mais sutil, algo praticamente impalpável.
Tomemos o que de mais táctil citei entre os exemplos dados: a informação.
Pergunto-lhes: A informação existe? O que existe desaparece? Se não desaparece, pra onde vai?
Quando falo de informação, me refiro à informação de forma abrangente, informação genética, informação celular, informação atômica, e até a informação cotidiana (do conhecimento profundo ao incidente banal).
Ainda sobre a informação, por uma questão didática, tomemos outro exemplo algo ainda mais grosseiro: a internet. Pra onde iria o gigantesco conteúdo existente se, por um motivo qualquer, todos os meios de armazenagem de dados se perdessem (inclusive o testemunho humano)?
Gostaria que os senhores entendessem que faço esse tipo de "provocação" porque tenho sérias dúvidas (onde antes havia arrogante certeza) sobre conceitos considerados “basilares”, e porque cada vez mais me impressiona a fé que vejo depositada sobre informação já digerida pelas nossas pretensas "autoridades" em magia. Cada vez mais frequentemente, me acende uma luz de alerta na cabeça quando noto que a gente (eu inclusive!), tende a aceitar sem muita resistência, determinados conceitos apenas porque fazem parte da “tradição oculta” ou porque seja informação que nos chega sob o véu do fantástico.
“Aluvaia, tudo depende de você considerar ou não essas "criações humanas" como sendo independentes do físico, do cérebro, o que for. Se forem, então não importa que sejam fruto da mente humana, essas coisas estarão "lá" mesmo assim, não? “
Ethar, estou levantando a lebre de que a “verdade” akáshica possa ser condicionada à memória seletiva coletiva (isso sem falar nas inclinações pessoais de cada um que a investiga). A importância disso reside no fato de eu poder ou não confiar em tais registros. Se nós temos “registros” baseados em crença coletiva (uma mentira contada um zilhão de vezes por um milhão de anos), temos um registro “mentiroso”. Deveríamos ser Buscados da Verdade, daquilo que é, e não daquilo que parece ser, e eu me nego a aceitar que isso seja uma mera questão de ponto de vista. A ilusão pode ser muito útil e até agradável, mas deveríamos ser capazes de definir o que é ilusão e o que é a verdade (se é que existe uma).
“Quando você diz que duvida que seja além do homem, o que você considera que seja o homem? Novamente, tudo depende de até que ponto você limita o conceito.”
Definir o conceito de “homem” é extremamente complicado e creio que desnecessário agora, mas ao que me referia com o termo é à Mente Coletiva, ou ao “Inconsciente Coletivo”, se prefere o termo, aquilo que nos une enquanto raça, enquanto espécie. E eu o limito à esfera humana, ao testemunho do que o homem pode provar, sentir e experienciar. Entenda que não estou negando a capacidade do homem de comungar com o Divino, só não acho que isso interfira nesse processo específico.
“Fatos não testemunhados por ninguém? Bom, se você considerar o conceito de registros akáshicos como tal, então não importa, tudo fica registrado. Mas não vejo a importância disso.”
Não vê a importância disso, Ethar?! Como assim? Desculpa, mas pra mim isso tem uma importância tremenda. Em primeiro lugar porque se existem registros feitos por uma inteligência além da humana, é porque existe um registrador não-humano em algum lugar (o que eu duvido!).
Em segundo lugar, porque se todo o registro é feito dentro da esfera humana, não se terá jamais como saber coisas que fujam dessa mesma esfera, e toda a pataquada sobre cosmogênese e antropogênese é balela, é uma leitura que alguém fez da crença de tais e tais coisas ou, na melhor das hipóteses, conjectura, teoria, suposição, “achismo”.
“Parece haver uma discrepância entre você aceitar a capacidade do homem de comungar com o Divino e duvidar de uma inteligência além da humana. Você não considera o Divino, no mínimo do mínimo, uma inteligência além da humana?”
Bom, vai ser uma conversa bem comprida se formos tecer especulações a respeito das minhas concepções sobre o Divino, mas pra encurtar a história, não creio que o Divino seja uma inteligência, aliás, quaisquer adjetivações em relação a isso seria tentar definir o indefinível.
Eu realmente não tenho certeza sobre o que É Deus, aliás desconfio seriamente de que Deus não Seja (assim, intransitivamente), ou que não diferencie-se do cerne e razão da existência de todas as coisas, de forma que não concebo uma Divindade inserida individualmente na própria Criação, mas se eu tenho certeza sobre alguma pouca coisa, é sobre fato de Deus não ser um “tomador de notas do além". rsrsrsrs
“Sobre o seu último parágrafo, não considero possível saber alguma coisa realmente na esfera racional. Tudo é relativo. Enquanto se está no patamar racional, não tem mesmo como saber coisas de fora dessa esfera. “
A razão deve ser uma aliada e nem um homem vivo, saudável e lúcido está fora do alcance do patamar racional, ainda que este possa (e deva) ser colocado em segundo plano eventualmente.
Como lhe disse, adjetivar Deus é tentar definir o indefinível, portanto Deus não é superior, nem inferior, nem inteligente, nem tolo, nem coisa alguma... esse são atributos humanos e não Divinos.
A questão é que acredito que Divindade alguma interfira na Criação e tudo o que existe na esfera humana seja do homem para o próprio homem (num sentido coletivo principalmente). Meu grilo com o registro akáshico reside no fato de crê-lo como uma fonte confiável, já que homens são condicionados por todos aqueles fatores que lhe descrevi anteriormente (crenças, medos, traumas, superstições, etc).
Agora fez bagunça fui eu.
Quero dizer que : "Meu grilo com o registro akáshico reside no fato de NÃO crê-lo como uma fonte confiável..."
“Mas Ela interferiu, quando criou, não? E sendo o homem criação, isso não foi do homem para o homem, foi da Divindade para o homem. Não? “
Eu realmente não sei até que ponto o fato da existência humana acontecer pode ser considerada como um ato de “interferência” Divina. Creio, repito, que seja Deus a causa e o cerne de todas as coisas, mas não sei até onde isso é algo que tenha ocorrido de forma intencional, individual, pessoal ou premeditada, mas que simplesmente as coisas tenham acontecido de forma espontânea, como tudo o mais na Natureza. E, se “não há Deus além do homem”, isso deve significar que é o próprio homem quem deve gerir seus assuntos e não qualquer divindade alheia à sua própria.
“Mas as próprias coisas que estariam "registradas" seriam todas humanas e subjetivas. Na verdade, racionalmente acho difícil entender como funcionaria acessar, por exemplo, um sentimento humano específico que foi sentido em algum ponto no tempo, uma vez que, fora do contexto, não seria realmente o mesmo sentimento. Quando penso em registro akáshico, acho mais fácil visualizar "registros" de eventos externos, por exemplo, onde é mais objetivo, em vez de eventos internos.”
Pode ser, isso sim é uma questão de ponto de vista. Algumas pessoas tem muito mais facilidade para acessar sentimentos e pensamentos, isso vai da capacidade de cada um. Como lhe disse, nossas próprias impressões podem interferir naquilo que vemos ou sentimos em situações assim.
E de toda forma, o fato de se tratar de situações humanas (e tão somente humanas), apenas corrobora o ponto de vista que estou propondo.
“Bom, como você mesmo já notou, intenção, premeditação etc são coisas humanas também, e ao aplicar isso a Deus estamos fazendo uma aproximação apenas.”
É, notei sim, sou um cara bem perceptivo...
“A questão é se você está vendo isso de uma forma materialista, uma natureza cega, ou uma Vontade divina.”
Acho que houve sim um movimentação do Não-Ser em direção ao Ser, mas confesso que isso é uma questão de “fé” da minha parte, pois esse tipo de certeza está fora do alcance humano.
“Mas não é alheia. É a sua Divindade.”
Sim, que está dentro, não fora.
“Mas é meio estranho (ou devo dizer, óbvio?). Você queria que coisas humanas fossem acessadas/sentidas de forma não-humana? “
Falei de situações humanas e não de situações “acessadas/sentidas” DE FORMA humana. Quero dizer que não se pode saber nada que não tenha sido vivido ou testemunhado por alguém, já que se trata de um registro feito pelo “inconsciente coletivo” da própria humanidade.
Quem me parece defender a ideia de algo não-humano interferindo nesse tipo de “registro” é você. Estou errado?
“Eu acho que está tanto dentro quanto fora, bem como apenas dentro e apenas fora em determinados períodos conforme a necessidade da pessoa ao longo de seu progresso. É uma questão de percepção.”
Mas, de toda forma, não se trata de algo “não-humano” ou que não seja você de um jeito ou de outro.
“Na verdade, como eu já disse, eu nem me importo com a existência ou não desse registro. Mas presumindo que exista, não é necessário haver um "bibliotecário" organizando isso. Pode ser um processo natural, e não precisa estar limitado à experiência humana.”
Também presumo que exista, aliás, realmente faço fé de que exista já que isso explica muita coisa (ainda que eu duvide da sua completa fidedignidade), mas creio cada vez com mais convicção que trate-se de um fenômeno humano.
Posso reconsiderar minha posição se alguém que seja capaz de averiguar (e queira colaborar num verificação séria) me possa informar qualquer situação não testemunhada que possa ser investigada. Caso contrário, mantenho minhas dúvidas e ceticismo com relação à interferência de qualquer inteligência além (ou aquém) do conjunto de todos os homens.